São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Queda do dólar já atinge 14,8%

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar comercial (exportações e importações) voltou a cair ontem, registrando novo recorde de baixa desde a introdução do real.
Depois de ter sido negociado por até R$ 0,848 (na venda), o comercial fechou cotado a R$ 0,850 para compra e R$ 0,852 para venda. A queda em relação à cotação de sexta-feira é de 1,5%.
A diferença para a cotação de venda do Banco Central (BC), fixada em US$ 1,00 por R$ 1,00, já é de 14,8%.
O movimento de queda teve repercussão também no mercado futuro, que registrou 427.789 contratos e um volume financeiro de R$ 1,88 bilhão (próximo do recorde, registrado na sexta-feira, de R$ 1,9 bilhão).
Uma das razões para a queda é o aumento do compulsório sobre CDBs e poupança. Por causa dele, ao longo deste mês, os juros cobrados nos empréstimos vão subir.
Ontem, um ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) de 180 dias podia ser negociado por um juro anual de 7% mais a variação cambial (até agora, negativa). Só como base de comparação, um empréstimo de capital de giro por 91 dias sai por um juro prefixado de 70% ao ano.
Ao fazer ACC, o exportador vende antecipadamente dólares. Com isto, a oferta aumenta, empurrando as cotações para baixo.
Um outro motivo: o mercado trabalha com a hipótese de que a vitória eleitoral de Fernando Henrique Cardoso servirá de sinal para o ingresso de dólares nas Bolsas.
Com o Banco Central (BC) fora do mercado, quem compra o excesso de dólares existente no mercado são os bancos. Eles iniciaram os negócios ontem com US$ 994,612 milhões em caixa.
Nos últimos dias, dois movimentos de entrada de dólares foram destaque: no dia 5, os exportadores negociaram US$ 292 milhões e, no dia 9, entraram no câmbio financeiro US$ 250 milhões.
O Banco Central baixou ontem duas circulares que permite a volta da intervenção direta no mercado. A diferença é que a intervenção não mais precisará ser feita via leilão.

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