São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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"Importante é encontrar o que gosta"

ALCEU GONÇALVES DE PINHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

'Importante é encontrar o que gosta'
Meses atrás, em artigo nesta Folha, fiz alguns comentários gerais sobre os concursos vestibulares e sua pesada, mas desnecessária, carga emocional.
Hoje vou especificamente falar do vestibular da Fuvest. São 8.400 vagas distribuídas por 70 carreiras. É carreira demais. Isso às vezes atrapalha (porque obriga a fazer opções radicais), outras vezes ajuda (separando os cursos do interior daqueles da capital).
O ensino universitário tem seus cursos departamentalizados. Apesar da universidade lidar com o amplo espectro do saber e dos conhecimentos, seus diplomas são passaportes para sair por estreitas janelinhas definidas pelo espírito cartorial das entidades classistas e pela mesquinhez dos departamentos.
Essa compartimentalização dificulta bastante a escolha, pois a oferta de vagas por carreira é muito desigual. Numas há excesso, noutras, falta.
Sorte
O que dizer a quem pretende conseguir uma das vagas do vestibular da Fuvest? Primeiro, não adiantam "viradas", "intensivões" ou contar com a sorte. É preciso um trabalho metódico ao longo dos quatro ou cinco anos que precedem o concurso.
Nada pode ser deixado de lado; pôr para escanteio essa ou aquela matéria é se condenar a sequer ir para a segunda fase nas carreiras onde a competição é maior. Nelas, só vai para a segunda fase quem está acima da média em tudo!
Agora o número de pontos obtidos na primeira fase será também usado para a classificação; uma formação geral e equilibrada é ainda mais essencial.
Não se deve pensar em carreira muito cedo. Para ir para a segunda fase em qualquer carreira da pesada é preciso ter o mesmo bom desempenho em tudo. Não é preciso porém ficar neurótico. O segredo é a regularidade nos estudos ao longo de vários anos.
Aos poucos vai se definir um gosto acentuado por uma das três grandes áreas: humanidades, biológicas e exatas. Basta isso para orientar corretamente os estudos no final do segundo grau.
Só no finalzinho se deve enfrentar, dentro da área escolhida, o problema específico da carreira em que se inscrever. Aí é preciso muito pragmatismo e bom senso. Uma boa autocrítica evita que se cometam erros fatais.
Às vezes, ao lado de uma porta onde se acumula uma multidão de cobras existem outras bem mais fáceis de serem transpostas. Depois, é ir em frente: o importante é encontrar aquilo de que mais se gosta e aprender a fazê-lo bem. Há muitas maneiras de se chegar lá, por onde começar não é tão importante assim.

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