São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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USP Saiba o que muda no maior vestibular do país, que seleciona 140 mil candidatos para 8.401 vagas

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca, desde a criação da Fuvest, houve uma reformulação tão radical no formato do exame, que seleciona estudantes para a USP e mais quatro instituições.
Várias novidades serão testadas no maior vestibular do país, que espera ultrapassar este ano a marca dos 140.518 candidatos –número de inscritos na versão 94.
A primeira delas é a realização da primeira fase em dois dias de provas –cada um com 80 questões de múltipla escolha. A etapa se torna, portanto, uma forma de avaliar a formação geral do aluno.
A segunda é a realização de provas mais específicas na segunda fase, que terá obrigatoriamente provas de português, redação e até três disciplinas que foram definidas pelas unidades da USP, a partir da carreira escolhida pelo candidato (veja quadro ao lado).
A partir deste exame, Os pontos obtidos na primeira fase (no máximo 160) serão somados aos da segunda. Ou seja, passar para a segunda fase não significa que o candidato voltou à estaca zero.
O diretor da Fuvest, Alceu Gonçalves de Pinho, 60, diz que os vestibulandos devem ficar menos estressados, apesar de um número maior de questões na primeira fase.
"Cada prova da primeira fase tem só quatro matérias de cada vez. Na segunda, há uma prova de apenas só três horas –não mais quatro, como no ano passado– e de uma matéria só", afirma.
"Um ou outro candidato vai ter um dia a mais de prova. A maioria vai ter o mesmo número de dias ou até menos. Assim, o número de horas de prova diminui."
Segundo a Fuvest, o conteúdo não muda. Raciocínio e compreensão são valorizados, em detrimento da memorização ou do manuseio automático de nomes, datas e fórmulas.
Outra novidade deste ano é a inclusão de autores vivos na lista de livros obrigatórios para o exame –José Saramago ("Memorial do Convento") e Rubem Fonseca ("A Grande Arte"), por exemplo.
Pinho explica que a instituição atendeu a um apelo de professores do segundo grau, que gostariam que o exame tivesse não uma relação de autores, mas de obras para que eles pudessem estabelecer um programa de leitura que se iniciasse pelo menos nos últimos anos do primeiro grau.
Mais de 70 obras farão rodízio todos os anos. Por ano, serão cobrados entre 8 e 12 livros. Este ano há dez.
O critério de convocação para a segunda fase também muda. Com a nova fórmula, serão convocados mais candidatos para as carreiras muito concorridas e menos para as pouco concorridas.
"Mas muda muito pouco. Uns 5% para mais ou para menos", afirma Pinho.
A Fuvest mantém uma idéia do vestibular passado, que foi a criação de "carreiras fictícias" para treineiros (candidatos que não concluíram o segundo grau).
O estudante se inscreve em carreiras de treinamento, que não correspondem a vagas na universidade, mas servem para que ele tenha a experiência de fazer o exame e avalie seu desempenho.
No vestibular passado, inscreveram-se como treineiros 16.293 candidatos. Destes, 6.960 passaram para a segunda fase. Os 15 melhores por área receberam como prêmios livros e software da Edusp (Editora da USP).
O crescimento no número de inscritos este ano pode acontecer basicamente em cursos ministrados no interior, que correspondem a 26,7% das vagas oferecidas.
Os números da Fuvest mostram que a maior parte dos candidatos procura a área de humanas (54,9%). As vagas desta área estão quase todas na capital –no interior só há 12,4% de cursos de humanas.
"Um grande número de candidatos do interior vêm para a capital. Então as vagas de biológicas e exatas no interior recebem menos candidatos por vaga do que deveriam. São cursos excelentes. Alguns dos melhores da USP, como medicina em Ribeirão Preto ou odontologia também em Ribeirão e em Bauru", diz .

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