São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Fora das mostras

ZECA CAMARGO

Com a abertura da temporada de terrorismo cinematográfico na semana passada, seu assunto básico talvez tenha se desviado naturalmente para aquele repentino comentário sobre as novidades alternativas nas telas. Nem todas elas, no entanto, estão exatamente à sua disposição: dois dos melhores lançamentos "independentes" da produção americana estão ainda de fora das programações locais. Por isso mesmo, convém uma adiantada em "Spanking the Monkey" e "Mi Vida Loca".
O primeiro é a estréia do diretor David O. Russel e fala de incesto na linha mãe e filho. O segundo mostra o cotidiano das "cholas" (ou "garotas de gangue") do Echo Park, Los Angeles. Temas "leves", sem dúvida, mas ambos tratados com sensibilidade e um casual e finíssimo humor.
Não são comédias, mas não tem como não rir das vãs tentativas de masturbação do personagem principal de "Spanking the Monkey" (que significa algo como "descabelar o careca") –o filme, aliás, ganhou o prêmio do público no último Sundance Film Festival.
Forçado pelo pai a cuidar da mãe (a ótima Alberta Watson), que está com a perna quebrada, Raymond (Jeremy Davies) perde uma oportunidade de carreira e ainda vive tormentos de tesão. Aliviar-se sozinho não é possível, pois o cachorro da casa nunca permite intimidade. Desesperado, ele descobre a tentação passando creme dentro da perna engessada da sua mãe –e não resiste.
O bom é que "Spanking" não se perde em imprevisíveis consequências de tal ato. Pelo contrário, a vida dos dois continua o inferno de sempre –em mais uma prova de que sexo é bom, mas está longe de resolver sua vida. Se for complicado então...

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