São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994![]() |
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Livro das 'maiores besteiras' chega ao volume 2
MAURICIO STYCER
Acaba de sair nos EUA "As 776 Ainda Maiores Besteiras Já Ditas", uma antologia que os autores apresentam, parafraseando o produtor do filme "Batman 2", "não como uma sequência, mas como um segundo capítulo". Em uma introdução, digamos, teórica, os autores procuram classificar as besteiras segundo alguns tipos fundamentais. A chamada "Besteira Básica", o tipo mais comum, "ocorre quando a sua boca anda mais rápido que o seu cérebro... e de alguma forma a palavra errada sai na hora errada". Políticos e esportistas, observam os autores, são os campeões de Besteira Básica. Com a palavra, por exemplo, George Bush, à época presidente dos EUA: "Eu tenho opiniões próprias –opiniões fortes– mas eu nem sempre concordo com elas". Ou então: "Não apenas ele é ambidestro, como ele pode atirar a bola com ambas as mãos", explicou certa vez, fazendo um comentário ao vivo na TV, o ex-técnico de beisebol Duffy Daugherty. O mais memorável tipo de besteira, porém, escrevem os autores, é aquele chamado de "Clássico Mal Apropriado". Trata-se da besteira dita como resultado da confusão com ditados populares, clichês famosos ou troca de palavras. "Roma não queimou em um dia", disse uma vez o empresário Abe Hirschfeld, querendo, talvez, dizer que "Roma não foi construída em um dia". "Não olhe para mim neste tom de voz", disse, durante uma discussão parlamentar, em 1929, o senador norte-americano Thaddeus Caraway. "Às vezes, eles escrevem o que eu disse e não o que eu quis dizer", afirmou o jogador de beisebol Pedro Guerrero, tentando explicar uma besteira dita dias antes. Previsões ou veredictos também costumam resultar em besteiras de antologia: "Orelhas muito grandes", disseram, por exemplo, a Clark Gable após seu primeiro teste como ator. "Besteiras Ultrajantes", como classificam os autores, também entram no livro. Nessa categoria se enquadra, por exemplo, a tentativa de explicação do então chefe da polícia de Los Angeles, Daryl Gates, para o espancamento do motorista negro Rodney King por quatro policiais. "Nós temos a melhor polícia do mundo, mas não somos perfeitos. Rodney King não deveria ter apanhado 56 vezes, ainda que muitos dos golpes que o atingiram foram dados de forma correta, de modo a não causar ferimentos sérios, exatamente como ensinamos na Academia de Polícia." Brasil Como se sabe, falar besteira não é privilégio norte-americano. A edição de "As 776 Ainda Maiores Besteiras Já Ditas" preenche um vazio deixado pela primeira antologia ao incluir frases tornadas célebres por esportistas brasileiros. "Nós não temos medo de desafios. É como eu sempre digo: quem sai na chuva é para se queimar", disse, para entrar na história do esporte, o mítico dirigente do Corinthians Vicente Matheus. Assim como a frase de Zé Maria (veja ao lado), a de Matheus entrou no livro por sugestão do jornalista Paulo Cesar Martin. O problema é que, como dizem os próprios autores, ninguém está a salvo de escrever uma besteira. Nesse caso, Ross e Kathryn Petras cometem pelo menos duas: chamam o paulistano "Notícias Populares", onde Martin trabalha como secretário de Redação, de jornal carioca e creditam a frase de Matheus a um certo "jogador brasileiro do time Rio Claro". O casal Petras, que se apresenta como "viciado em mídia", já prepara um terceiro "capítulo" da antologia e convida os leitores a mandarem colaborações, desde que com uma cópia anexada da fonte de onde foi tirada a besteira. Cartas devem ser enviadas a Ross & Kathryn Petras, c/o Harper Collins, 10 E. 53rd Street, New Tork, NY 10022, EUA. O livro (US$ 10; 229 págs.) pode ser encomendado à livraria Cultura (011/ 285-4033) ou a qualquer livreiro que importe obras dos EUA. Demora 60 dias para chegar. Texto Anterior: Ricupero não fez adultério contra a pátria Índice |
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