São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fipe apura inflação de 1,38% em São Paulo

Seca poderá pressionar preço de alimento e o índice

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa de inflação em São Paulo iniciou setembro em queda. Dados divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram que os preços subiram, em média, 1,38% nos últimos 30 dias terminados em 7 de setembro, em relação aos 30 imediatamente anteriores.
Em agosto, a taxa havia sido 1,95%. A tendência de queda deve continuar até a próxima semana, afirma Juarez Rizzieri, coordenador do Índice de Preços ao Consumdior da Fipe.
A taxa de inflação atual provém de apenas dois itens: produtos "in natura" e aluguel. Retirados estes dois itens do índice, a inflação seria zero, afirma Heron do Carmo, assistente de coordenação do IPC.
Rizzeri prevê taxa de 1% de inflação para setembro. A redução da taxa, em relação a agosto, deve ocorrer porque os preços dos produtos "in natura" vão ceder ainda mais. Ainda há efeito das geadas.
Na primeira quadrissemana de setembro, os paulistanos pagaram, em média, 15,99% a mais pelos hortifrútis. Estes produtos vêm registrando desaceleração de preços desde os 42,22% da primeira quadrissemana de agosto.
A taxa de inflação da Fipe recebeu um novo fator de pressão nas últimas semanas: o custo da diária das faxineiras e do salário das empregadas domésticas.
Na primeira quadrissemana de setembro, a diária da faxineira acumulava alta de 10,94%, enquanto as empregadas domésticas tiveram reajuste de 1,52%. Os maiores aumentos no setor ocorreram no início de agosto, segundo a Fipe, quando a diária das faxineiras acumulava alta de 18,35%.
Para Rizzieri, com taxas de juros elevadas e crescente concorrência de produtos importados, o mercado pesa mais na determinação dos preços do que a vontade do empresário.
Seca
Os alimentos podem voltar a pressionar a taxa de inflação, como ocorreu no ano passado. Segundo Rizzeri, as condições são parecidas.
A ausência de chuvas deve atrasar o plantio, gerando especulação de preços. A seca do final do ano passado, apesar de forte, pouco afetou a safra. Mas provocou alta especulativa dos preços.
Além da seca, Rizzieri vê também como fator prejudicial ao plantio o atraso do financiamento agrícola.
Além desses fatores, que podem não se confirmar em alta de preços, o mercado deste ano tem uma novidade em relação ao do ano passado, segundo Rizzieri. A demanda por produtos básicos é maior devido à estabilidade.
O economista da Fipe acredita, no entanto, que o governo está mais atento neste ano para estes problemas e tem mais recursos para frear uma aceleração dos preços.
Uma das armas são as importações, principalmente as do Mercosul, afirmou.
LEIA MAIS Sobre seca à pág. 3-1

Texto Anterior: O VAIVÉM DAS COMMODITIES
Próximo Texto: Nabisco compra Borden por US$ 2 bilhões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.