São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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Brasília vive em clima de deserto e suspende aula

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A umidade relativa do ar chegou ao mínimo de 9% ontem, às 16h, próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. O índice ficou abaixo do ponto crítico estabelecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde), de 12%.
Por causa desse índice, o governador Joaquim Roriz (PP) decretou "estado de alerta preventivo". O decreto suspendeu as aulas nas escolas públicas e particulares do DF de hoje a terça-feira.
A jornada de trabalho dos servidores do GDF (Governo do Distrito Federal) foi reduzido à metade. O horário de trabalho será das 8h às 12h também até o dia 19.
O índice de 9% foi registrado pelo Departamento de Proteção ao Vôo, do Ministério da Aeronáutica, coletado numa estação meteorológica no aeroporto. A temperatura chegou aos 32,4ºC às 16h.
Pelos dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o menor índice de umidade do ar foi de 12%, registrado às 13h, 14h e 15h. Esses dados são os usados pela Defesa Civil.
Caso se considere apenas os dados da Defesa Civil, essa foi a segunda vez que Brasília registrou o ponto crítico de umidade. No início de setembro de 93, também foram registrados os 12%.
A umidade próxima de 12% é considerada "clima de deserto". A OMS estabelece como mínimo admissível para se viver o índice de 7% –a média registrada no deserto de Atacama, no Chile, considerado o mais árido do mundo.
A previsão é de que hoje a umidade também permaneça baixa, por volta de 15%. A possível aproximação de uma frente fria vinda do Sul elevaria a umidade do ar, mas somente a partir de amanhã.
Os técnicos do Inmet admitem que os dados coletados por eles podem apresentar diferenças de até três pontos percentuais a menos, dependendo do local da coleta.
Este seria o caso de áreas sem vegetação e com poeira em suspensão –como na maioria dos 11 assentamentos urbanos do DF, onde moram 400 mil pessoas. Brasília está sem chuvas há 54 dias.
Em São Paulo, os índices de poluição pioraram. Ontem a cidade completou 53 dias de estiagem.
A razão do aumento da poluição na região foi a concentração de monóxido de carbono dos carros.
A falta de chuvas em São Paulo contribui também para o aumento na quantidade de poeira suspensa no ar. Há uma semana, o operário Elias Conceição, 21, só consegue trabalhar usando máscara.
Ele varre diariamente a av. Juscelino Kubitschek (zona sul de São Paulo), que está em obras. "A poeira incomoda quando o tempo fica seco. Os olhos coçam e a gente não pára de tossir", disse.

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