São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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Juiz ouve policial suspeito de corrupção

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz corregedor Maurício Lemos Porto Alves ouviu ontem o depoimento do primeiro dos 20 policiais civis de São Paulo investigados pela Corregedoria do Dipo.
Eles foram denunciados por um comerciante, que acusa os policiais de envolvimento em um esquema de corrupção, assassinato, extorsão e tráfico de drogas.
O suspeito, um agente policial do Instituto de Criminalística, foi espontaneamente à Corregedoria do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Ele chegou às 15h30. Estava sem advogado e não quis dar entrevista. Seu depoimento durou apenas 15 minutos.
O agente se apresentou como o proprietário da escopeta calibre 12 que o comerciante, um informante da Polícia Civil, entregou para o juiz e para a promotora Eliana Passarelli, ambos da corregedoria.
"Sou o dono da arma e sou policial. Não vou falar mais nada", disse o suspeito. Ele não quis explicar como sua escopeta foi parar nas mãos do informante.
O policial, que seria conhecido pelo apelido de "Porangaba", não teve seu nome e o conteúdo de seu depoimento revelados.
Os dados e nomes citados na sindicância do Dipo, que apura o esquema de corrupção, são protegidos por sigilo judicial. A sindicância não tem data para terminar.
"Temos que apurar outras informações que foram fornecidas pelo informante", disse a promotora.
O comerciante que fez a denúncia teria trabalhado 30 anos como informante de policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).
Segundo ele, policiais prenderiam ladrões de carga, de banco e de jóias e os obrigariam a entregar dinheiro e mercadorias roubados.
Em seguida, soltavam os ladrões. Alguns desses assaltantes teriam passado a roubar para os policiais e outros teriam sido mortos pelos suspeitos.
O informante continua sem proteção policial. Ele disse para o juiz que resolveu acusar seus ex-companheiros policiais porque teria sido "jurado de morte".

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