São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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BC troca R$ 3 bi em títulos estaduais

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA; GUSTAVO PATÚ
DA REPORTAGEM LOCAL

Na madrugada de ontem o Banco Central (BC) fez uma operação de troca de títulos dos Estados por federais com bancos estaduais. Só assim o Selic (computador que registra os negócios de um dia com títulos públicos) pôde encerrar suas atividades, à 1h da manhã.
O mercado, segundo a Folha apurou, estima o total da troca em R$ 3 bilhões. Parte dos títulos vence no próximo dia 20 e parte no final de mês. A taxa de juros acertada foi de 1% acima da do over.
A assessoria de imprensa do Banespa, um dos bancos estaduais que participou da operação, confirma a troca de títulos. No seu caso, o total é de R$ 1,310 bilhão pelo prazo de sete dias.
Em julho, durante coletiva em São Paulo, o presidente do BC, Pedro Malan, disse que as trocas poderiam continuar, desde que os Estados oferecessem garantias.
A assessoria de imprensa da secretaria da Fazenda de São Paulo informou apenas que o assunto estava sendo tratado pelo Banespa.
A Folha apurou que um grande banco privado, que vinha tomando recursos para financiar os bancos estaduais, decidiu não mais fazê-lo na terça. Foi isto que obrigou o BC a promover nova troca de títulos.
O fato é que a liquidez do sistema financeiro está se estreitando como resultado da política do próprio BC, que elevou o compulsório sobre CDBs e cadernetas.
Os bancos estaduais atingiram o limite de suas capacidades de captação via CDB, interbancário e caderneta para financiar a dívida de seus Estados.
Ontem, um pool de bancos privados se encarregou do financiamento dos bancos estaduais. Uma reunião das principais instituições discutiu o assunto em São Paulo. Em Brasília, segundo o mercado, a diretoria do BC incluiu a questão em sua reunião semanal.
No final do dia, circularam inúmeros boatos: desde o abrandamento do compulsório para os estaduais até a possibilidade de o BC assumir a administração de algumas instituições.
A assessoria do Banespa classificou este último boato de "maluquice irresponsável" e afirmou que a troca de títulos está acontecendo desde a criação do real.
Em Brasília, Malan também negou a suposta intervenção. O chefe do Departamento de Operações Bancárias do BC, Gustavo da Matta Machado, concedeu entrevista às 21h. Ele disse que a troca é permitida por resolução do CMN.
Colaborou GUSTAVO PATÚ, da Sucursal de Brasília

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