São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994 |
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Índios querem pacificar brancos com CD
LUÍS ANTÔNIO GIRON
"Etenhiritipá" significa "povo Awe da serra do Roncador". O disco reúne 31 cantos tradicionais dos xavantes (os "awe") da aldeia Pimentel Barbosa. Localizada na serra do Roncador, Mato Grosso, ela é chamada de aldeia mãe pelos 8.000 xavantes distribuídos por 60 aldeias no Centro-Oeste. Ali, entre 1943 e 1944, realizou-se um congresso (uma "wara") de xavantes que deliberou a "pacificação dos warazu" (brancos) após décadas de conflitos. Apoena, chefe da época, queria criar um intercâmbio cultural com os brasileiros. Os xavantes acham que o CD materializa o sonho de Apoena. A produção do disco ocorreu entre julho de 1992 e agosto de 1993, com participação dos índios. O trabalho foi formalizado pelo Núcleo de Cultura Indígena, entidade não-governamental de São Paulo. Custou US$ 10 mil, dinheiro pago pela Fundação Gaia, de Londres. A distribuição se dá pelo selo Quilombo da gravadora Warner. O selo pertence ao compositor Milton Nascimento, que o exigiu em contrato com a Warner em 1991. Os direitos autorais –12% sobre o total das vendas– serão depositados na conta da Associação Xavante de Pimentel Barbosa. "É o primeiro produto de massa feito pelos índios sem interferência de etnógrafos", afirma Angela Maria Pappiani, produtora do trabalho. Ou, como diz Ailton Krenak, presidente do Núcleo: "Pela primeira vez, uma comunidade indígena estabelece uma relação entre produto cultural e mercado." Disco: Etenhiritipá - Cantos da Tradição Xavante Edição: Paulo Ciapssé Xavante, Paulo Supretaprã, Tsuptó Buprewen, Wairi Xavante e Angela Pappiani Lançamento: Warner Music/Quilombo Quanto: R$ 20,00 (o CD, em média) Onde: lançamento no Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 011/280-0896) Quando: amanhã, às 21h LEIA MAIS sobre o CD xavante à pág. 5-3 Próximo Texto: Reforma agrária; Dígito; Babaganuche; Megafone; Megafone; Boléia Índice |
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