São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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Florianópolis investe no "turismo de resultados"

RAULO RAMOS DERENGOSKI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A ilha de Florianópolis, em Santa Catarina, prepara-se para o chamado "turismo de resultados". A intenção é atrair famílias da região do Prata e de Estados vizinhos mais ricos, como Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Florianópolis quer se inserir na tendência mundial que aponta a preferência crescente dos turistas por lugares preservados e tranquilos. O exotismo vem sendo trocado pelo sossego de cidades sem assaltos, com várias opções de esporte e beleza natural.
A ilha de Santa Catarina cumpre os requisitos exigidos por esse turismo produtivo e competitivo.
Com uma população em torno de 250 mil habitantes, a ilha possui uma área de 410 km2. Seu perímetro de 172 quilômetros pode ser quase todo percorrido de carro. A temperatura média fica em 27,5 graus centígrados, sem excesso de máximas ou mínimas.
Mas seu grande patrimônio é a natureza. Lindas e variadas praias mesclam-se a formações rochosas, dunas brancas, calmas baías e mares revoltos. Estão na ilha as últimas reservas ainda virgens da Mata Atlântica.
O litoral é bastante recortado. Costões e areais propiciam todo tipo de esportes náuticos.
As grandes praias do leste e do sul, voltadas para o Atlântico, são as preferidas dos surfistas. Entre elas, estão as de Joaquina, Campeche, Moçambique e Armação.
Nas praias que recebem os ventos cálidos do norte e do nordeste, as águas, sempre límpidas e transparentes, são mais quentes. Em Ingleses, Brava, Canasvieiras e Jurerê, o mar oscila entre o verde-esmeralda e o azul-celeste.
Já na parte interna da ilha, voltada para o continente, os tons beiram o cinza-sideral que fez a glória da pintura de Velásquez.
Pântano do Sul é uma das praias mais distantes do centro. Está a 31 km da cidade. Tem um importante núcleo pesqueiro e abriga reservas arqueológicas (sambaquis) que devem ser conhecidas. Sua infra-estrutura é fraca, mas possui um excelente restaurante, o Arantes.
A praia da Armação também é um sítio arqueológico. A ponta das Campanhas avança mar adentro como a demarcar a antiga estação de pesca das baleias, ainda hoje uma colônia de pescadores.
A Praia do Campechi –"Camp dos Pecheurs", segundo Saint-Exupéry, que ali descia nos tempos heróicos do "Correio do Sul", quando atravessava o Atlântico em direção aos Andes– é quase selvagem, de mar bravio e cheio de dunas e vegetação rasteira.
A ilha à sua frente chega a emocionar pela beleza selvagem. Lembra Hemingway: "O mar é o último lugar livre do planeta".
No Morro das Pedras está a Casa de Retiro dos Jesuítas, de onde se avistam a praia da Armação e a lagoa do Peri.
A praia de Canasvieiras é o coração do litoral norte da ilha de Florianópolis. Ali se concentram, em grande número, os turistas vindos da região do Prata.
Uruguaios, argentinos e até paraguaios fazem a festa. Com uma infra-estrutura que a cada dia se assemelha a Punta del Este, Canasvieiras é uma praia de mar calmo e vida noturna intensa.
Na temporada de verão, o que mais se ouve nas ruas é o sotaque característico dos portenhos. Um dos destaques é a igrejinha de São Francisco de Paula, exemplo típico da arquitetura açoriana.
Próximas a Canasvieiras e também lotadas de argentinos estão as praias de Cachoeira do Bom Jesus, Ponta das Canas, Lagoinha e Jurerê.
(Paulo Ramos Derengoski)

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