São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Servidores recebem Lucena como herói

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Servidores Lucena recebem como herói
Ao retornar a Brasília após ter seu registro eleitoral cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o senador Humberto Lucena, presidente do Congresso, foi recebido como herói por funcionários e diretores do Senado.
Lucena foi aplaudido por cerca de cem funcionários, que gritavam "Humberto" e "injustiça". No tumulto, houve brigas envolvendo seguranças, diretores do Senado e senadores contra jornalistas.
O diretor de Divulgação e Relações Públicas do Senado, João Orlando Barbosa Gonçalves, deu um soco no repórter da TV Bandeirantes Fábio Pannunzio, 33, que tentava entrevistar Lucena.
Outro que perdeu a calma foi o primeiro secretário do Senado, senador Júlio Campos (PFL-MT), responsável pela gráfica da Casa, onde foram impressos os calendàrios de Lucena.
O senador Ronan Tito (PMDB-MG) também ficou exaltado. Fez críticas à imprensa e aos senadores que dizem não ter usado os serviços da gráfica.
Ao ser perguntado por um repórter se a relação dos senadores que usaram a gráfica seria divulgada, respondeu: "Será no momento oportuno. Ponha-se no seu lugar".
A mulher de Lucena, Ruth , chegou a estender uma pequena faixa com os dizeres "Humberto Lucena, senador 93" diante da imprensa e dos 13 senadores que foram prestar solidariedade.
O próprio marido, tentando evitar a cena, empurrou-a. A filha mais nova de Lucena, Iraê, ficou ao lado do pai o tempo todo, Lucena não demonstrava emoção, em contraponto com a histeria geral.
FHC
O senador Fernando Henrique Cardoso (SP) - candidato à Presidência pelo PSDB - disse ontem que só usou a gráfica do Senado Federal para imprimir seus discursos e um boletim informativo sobre suas atividades parlamentares.
O vice na chapa de FHC , o senador Marco Maciel (PFL-PE), também admitiu o uso da gráfica, mas fora de anos eleitorais e sempre "para imprimir apenas trabalhos de divulgação do meu desempenho como senador".
Há oito anos senador, FHC disse que jamais ultrapassou a cota de serviços estabelecida.
Ontem, FHC voltou a defender Lucena e disse que "o tribunal (TSE) não tem alternativa porque a lei não tem gradação, sequência de penalidades. Deveria ser punido, mas não com a cassação".
Maciel disse que imprimiu discursos, projetos "e um calendário sem apelo eleitoral e em um ano sem eleições".
Ele disse não usar a gráfica para imprimir seus livros. "Mimnha editora é a José Olympio", afirmou.
O senador disse que a prática de imprimir na gráfica faz parte dos "usos e costumes" do Congresso.

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