São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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Desinteresse

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi uma notícia perdida, lá pelo meio do Jornal da CBN. "Eleitor mostra desinteresse." O desinteresse era comprovado por 35 mil novos títulos de eleitor que aguardam retirada no ABC, sem que ninguém os queira.
Isso, no ABC. Na maior base de Lula, único candidato que ainda tem chance contra o favorito Fernando Henrique. Ou melhor, talvez não tenha chance, talvez esteja aí a explicação para o desinteresse dos eleitores.
Passado o escândalo das revelações de Rubens Ricupero, passada a greve e passados os bilhetes de Alexis Stepanenko, o tucano segue resoluto para a vitória no primeiro turno, escudado no "teflon" do Plano Real.
Como noticiou ontem o Jornal Bandeirantes, "Fernando Henrique Cardoso já está dispensando apoio de última hora". Não precisa de mais nada. Agora basta tocar mansamente a campanha, para levar no primeiro turno.
Lula, que segue à cata de um discurso econômico, parece aos poucos dar-se conta do desastre. Ontem teria partido para a agressão, dizendo que FHC, eleito, "vai acabar com a aposentadoria por tempo de serviço".
Lembra seu velho adversário, Fernando Collor, quando ele saiu dizendo que Lula, eleito, iria tomar a poupança. A diferença é que Lula parece estar pensando em si mesmo. Não é de ontem que cuida de aposentadoria.
Na CNN
"A injustiça é o calcanhar de Aquiles do Brasil", abriu uma reportagem, esta semana, no programa World Report da CNN. A frase, traduzida, era de Fernando Henrique. Mais à frente, entrou uma declaração de Lula.
A reportagem toda, que foi a primeira vez em que o tucano apareceu, como candidato, na CNN, era de Paulo Henrique Amorim, aquele da Globo.
Carne
Agora que os temas paralelos, da greve à parabólica, recuam, volta o real com todas as boas notícias que andavam esquecidas. Das taxas mais baixas de inflação ao preço da carne, como lembrava Lillian Witte Fibe.
Em seu Minuto Econômico, citou que o real é diferente dos outros planos, também quanto à carne. Vilã constante, desde o choque do cruzado, a carne desta vez deve manter o preço sem alteração, até o final do ano.
Desta vez, nada de caçar boi no pasto, com a Polícia Federal. Muito pelo contrário, aliás. Como informou o Bom Dia Brasil, ontem, houve aumento da oferta de carne. E subiu o consumo, sobretudo pelos mais pobres.

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