São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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BC liquida mais um banco pequeno

GUSTAVO PATU; FIDEO MIYA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FIDEO MIYA

O Banco Central liquidou ontem o banco comercial e a distribuidora do grupo financeiro Brasbanco, com sede na capital paulista. Ao todo, já são 12 as instituições financeiras liquidadas extrajudicialmente após o Plano Real.
A liquidação dessas duas instituições de pequeno porte –a exemplo do Garavelo e do Hércules– não abala o mercado financeiro. Segundo Adilson Rodrigues, chefe do Departamento de Fiscalização do BC (Defis), as outras instituições já vinham evitando operar com o grupo.
Em dezembro de 1993, o banco comercial Brasbanco contabilizava ativos totais de US$ 11,3 milhões e patrimônio líquido de US$ 3,7 milhões. Com 157 funcionários, tinha apenas quatro agências.
Os créditos somam R$ 10 milhões, metade dos quais de retorno improvável, segundo Rodrigues.
As dificuldades do Brasbanco eram conhecidas desde julho, mas não eram divulgadas para não comprometer ainda mais sua situação financeira. Desde 12 de julho, o banco vinha recorrendo aos empréstimos de liquidez do BC.
Ontem, a dívida junto ao BC tinha subido para R$ 4,39 milhões, mas o Brasbanco só conseguiu oferecer garantias no valor de R$ 2,3 milhões, o que resultou na liquidação.
Rodrigues garantiu que o patrimônio do banco é suficiente para cobrir a dívida junto ao BC, mais R$ 900 mil de investidores e R$ 950 mil de correntistas.
A distribuidora Brasbanco não deixará rombos, pois estava praticamente desativada, com ativos e passivos "zerados". Descontados os compromissos a saldar, a empresa ficará com exatos R$ 150 em caixa.
A liquidação tornou indisponíveis os bens de Michele Ciccone, Carlos Catarino, José Delicio, Vicente Maielo e Luiz Antônio Fernandes, administradores do banco.
Segundo executivos do mercado financeiro, o Brasbanco foi fundado pelo empresário italiano Michele Ciccone, que decidiu investir no setor financeiro, no qual não tinha experiência.
O desequilíbrio financeiro do Brasbanco agravou-se com a redução na oferta de empréstimos no mercado interbancário, depois que o governo aumentou o compulsório sobre depósitos a prazo no final de agosto.
O recolhimento da parcela de 9% do compulsório, previsto para ontem, foi prorrogado pelo BC para segunda-feira.

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