São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pesquisa mostra que dispersão é grande

FILOMENA SAYÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A dispersão de preços continua. Pesquisa de preços feita pela Folha no comércio paulistano nos últimos dias 13 e 14 mostra diferença de até 42% para o mesmo produto importado e de 31% para um eletrodoméstico.
No Empório Santa Maria, situado na zona sul, o chocolate Ferrero Rocher (375 gramas) era vendido por R$ 56,77. No Mercado das Novidades, no centro, por R$ 40.
No centro da cidade, onde a concorrência é alta pela proximidade entre um ponto comercial e outro, o liquidificador Walita Beta era oferecido por R$ 40 no Ponto Frio e por R$ 52,30 na Casas Bahia.
"Antes do real, havia diferença de até 400% para um mesmo produto. Agora a dispersão é menor mas ainda é grande", diz Maria Inês Fornazaro, 38, diretora do Centro de Estudos e Pesquisa do Procon, órgão de defesa do consumidor que divulga preços da cesta básica em convênio com o Dieese, que faz o levantamento em 70 supermercados.
Na pesquisa de anteontem, por exemplo, a margarina Doriana custava R$ 0,39 em um estabelecimento comercial e R$ 0,96 em outro –uma diferença de 146%. O quilo do coxão mole variou de R$ 2,70 a R$ 5,49 –103% a mais.
Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da GS& MD, consultoria especializada em varejo, diz que a dispersão acaba somente se houver um choque de ofertas –uma ampliação do número de produtos disponíveis no mercado.
Para ele, a diferença de 31% encontrada para o liquidificador é grande pela característica comercial das lojas e por sua proximidade. Seria admissível, nesse caso, uma diferença entre 10% e 15%.
Na tentativa de comprar pelo menor preço, o consumidor tem pesquisado. A auxiliar de importação Andrea Milla e sua colega Vera Lúcia Antunes foram fazer um levantamento de perfumes em importadoras.
Elas pesquisaram 20 produtos em meia dúzia de lojas e encontraram diferenças consideráveis. No dia 23 passado, por exemplo, o perfume Poison era vendido por R$ 42 na loja Cosmético Center, no centro, e por R$ 71 na loja Arigatô, situada no shopping Ibirapuera, zona sul –69% de diferença.
Mais que isso. Em sua empreitada, elas afirmam que foram maltratadas pelos vendedores de duas lojas do shopping Ibirapuera.
"A gente perguntava o preço e anotava. O vendedor perguntava porque estávamos fazendo isso e de onde éramos. Depois falava que só podia dar o preço de três produtos porque podíamos ser da concorrência. É um absurdo."
José Luis Freitas, sócio majoritário da Suil, uma das lojas que Andrea percorreu, se defende. Diz que a consumidora "exagerou na dose e ficou aborrecida" porque não foi atendida de imediato.
Ele acrescenta ainda que os preços dos produtos estão expostos na vitrina e que não nega informações "se tiver vendedor livre".
Final da história: Andrea não levou nada e Vera acabou indo comprar no centro, onde conseguiu melhores preços.

Texto Anterior: Preços ficam estáveis durante 30 dias
Próximo Texto: Serviço por telefone informa o consumidor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.