São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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EUA enviam Carter ao Haiti

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em inesperada decisão, o presidente dos EUA, Bill Clinton, 48, enviou ontem ao Haiti uma delegação chefiada pelo ex-presidente Jimmy Carter para negociar com os líderes militares daquele país.
Na noite de quinta-feira, Clinton disse em pronunciamento ao país que os esforços diplomáticos estavam encerrados e que ao governo liderado pelo general Raoul Cedras só restava deixar o poder ou ser expulso dele.
Além de Carter, o time negociador dos EUA vai incluir o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas general Colin Powell e o presidente da comissão das Forças Armadas do Senado, Sam Nunn.
O assessor de segurança nacional da Casa Branca, Anthony Lake, fez o anúncio da resolução de Clinton no final da tarde. Disse que Carter vai manter discussões "dentro dos objetivos estabelecidos por Clinton".
Lake informou que dois funcionários de segundo escalão do governo dos EUA farão parte da equipe liderada por Carter, que tinha sua saída de Washington, em avião oficial, programada para a noite de ontem.
A missão Carter foi justificada como um "derradeiro esforço para evitar um banho de sangue", segundo Lake. As tropas americanas preparadas para a invasão continuam mobilizadas para agir a qualquer momento.
Durante o anúncio de Lake, faltou luz na sala de imprensa da Casa Branca. Antes, enquanto o presidente se reunia com seus aliados na ação contra o Haiti, um alarme falso de incêndio levou bombeiros à Casa Branca.
O governo militar do Haiti não havia reagido oficialmente até o começo da noite de ontem. Mas a missão Carter dá outra sobrevida a Cedras e seus aliados e reconhecimento à sua condição de governante do Haiti.
Pela manhã, o secretário de Estado, Warren Cristopher, havia afirmado que as tropas dos EUA não iriam caçar Cedras ou seus colegas no Haiti.
O presidente no exílio do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, anunciou na Casa Branca que dará anistia a seus inimigos quando voltar ao poder. Pela primeira vez ele disse em público que deixará o cargo em fevereiro de 96.
O discurso de Aristide foi feito diante de representantes dos 24 países que se comprometeram em ajudar com tropas ou material a invasão do Haiti e a manutenção posterior da ordem.

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