São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994 |
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A dança do PT
JOSIAS DE SOUZA
O posto é ocupado hoje por Rui Falcão, ligado ao setor "heavy metal" do partido. O debate, ainda inorgânico, segue um ritmo cauteloso, para evitar que a precipitação da disputa pela hegemonia do partido prejudique a já combalida candidatura de Lula. Os moderados estão divididos quanto ao papel político que será reservado a Lula caso seja derrotado por Fernando Henrique. Parte da ala cor-de-rosa do PT defende a gradativa redução da influência de Lula no partido. Esse grupo avalia como encerrada a "fase sindical" do PT. Defende-se a vinculação do partido, de forma mais nítida, à classe média brasileira. Lula seria preservado como uma espécie de referência política do PT. Mas não continuaria necessariamente dando as cartas no partido. Esse grupo teme que Lula queira retornar à condição de presidente da legenda, mantendo a política de administração das divergências entre as várias facções do petismo. A prática conciliatória de Lula é vista como algo nocivo. Graças à sua indefinição ideológica, o partido convive com a ameaça de ficar sem identidade. Outro grupo de moderados acha que uma eventual derrota de Lula não o inviabilizará como candidato em futuras eleições. Mas mesmo esse grupo acha que Lula precisa interromper a política de composição com os radicais. O "petismo soft" acredita que a briga interna com os radicais, a ser deflagrada após a eleição presidencial, começa pela presidência do PT. Nesse contexto de renovação, o moderado Aloizio Mercadante desponta como peça importante do "novo" PT. Trama-se sua indicação para a presidência do partido. O que se planeja não é um movimento de contestação à liderança de Lula. Amigo do candidato, Mercadante nem sequer admitiria participar de uma articulação do gênero. Espera-se que Lula se integre à nova onda. Não teria razões para se opor a Mercadante. O apoio a seu vice seria uma forma de compensá-lo. Atendendo a um apelo de Lula, Mercadante abandonou uma vaga praticamente certa de deputado federal, para substituir José Paulo Bisol como vice na chapa petista. A tendência de renovação, voltada para a centro-esquerda, é a única saída viável para o PT. Vencendo ou perdendo as eleições. Texto Anterior: Veja o método da pesquisa Próximo Texto: Lula afirma que a campanha não acabou Índice |
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