São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Inflação cai em setembro e ameaça outubro

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

A duas semanas do primeiro turno das eleições, a tensão aumenta no mercado financeiro.
Em agosto, houve um remanejamento interno dos recursos das aplicações: o dinheiro da poupança foi para os fundos. As informações preliminares são de que, em setembro, a caderneta continua perdendo dinheiro, agora para o consumo.
Com o crédito inviabilizado pelos juros, a opção é a compra à vista. O consumidor parece ter se convencido de que os preços já chegaram ao fundo do poço. Doravante, o movimento predominante será para cima.
Há duas possíveis defesas: reindexação dos salários ou consumo, já que nominalmente os juros não atraem pequenos e médios investidores.
O quadro só não é pior porque, se pode ameaçar o plano, não abala a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. O dado mais relevante das últimas pesquisas é o crescimento da rejeição a Lula.
Embora se tenha obtido um acordo satisfatório, capaz de encerrar a greve dos metalúrgicos –abono não-repassável a salários e preços–, o mercado se preocupa com o aumento da indexação salarial informal.
O crescimento da massa salarial, ainda não medido, irá provocar um repique na inflação em outubro. A intensidade desse repique dependeria do impacto da queda das alíquotas de importação sobre os preços.
É por isso que se opera com a hipótese de continuidade da tendência de alta para as taxas de juros, apesar de o Banco Central ter afrouxado um pouco as rédeas sobre a liquidez da economia.
O BC esticou em 21 dias o prazo para enquadramento dos bancos nas novas regras do compulsório sobre depósitos a prazo. A data final para recolhimento de 30% do estoque total passou de 7 para 28 de outubro. O objetivo principal da medida é o de socorrer bancos estaduais em dificuldade.
Há uma segunda razão para elevação dos juros. Nominalmente, os juros dos CDBs subirão todos os dias, devido ao calendário. Outubro tem 20 dias úteis, contra 21 em setembro.
Embora o mercado futuro de juros da BM&F preveja para outubro uma variação do CDI-over em torno de 3,85% (próxima à estimada para setembro), a ausência de um dia útil no mês que vem provoca elevação do custo do dinheiro, de 0,18% para 0,19% por dia útil.

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