São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Analistas sugerem trocar dólar por juro

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As chances de uma valorização do dólar acima da taxa de juros até o início do ano que vem são bastante remotas, pela análise dos especialistas do mercado de câmbio.
Os mercados futuros da Bolsa de Mercadorias & de Futuros (BM&F) projetam, para os meses de setembro a novembro, juros acumulados de 12%.
A valorização projetada para o dólar comercial no mesmo período é de apenas 3,72% e de 10,14% de setembro a fevereiro.
Por isso, para o investidor que tem dólares, a maioria dos especialistas sugere trocar a moeda norte-americana por reais e tentar recuperar as perdas acumuladas com aplicações financeiras.
Para quem está programando viagens ao exterior nas férias escolares de dezembro a fevereiro, a sugestão é postergar a compra de moeda estrangeira e deixar o dinheiro rendendo juros, de preferência num fundo de commodities ou de ações carteira livre, por causa da liquidez diária.
O carro-chefe das cotações do dólar é o chamado mercado de câmbio livre, que concentra 94% do volume de negócios, com as transações comerciais (exportações e importações) e as operações financeiras (investimentos estrangeiros nas Bolsas de Valores, empréstimos externos e remessas de lucros e dividendos).
O mercado de câmbio flutuante movimenta apenas 6% do volume de moeda estrangeira negociada no país, com transações que abrangem as operações de arbitragem com ouro na BM&F, exportações de jóias e pedras preciosas e dólar-turismo.
As cotações do mercado paralelo, que na sexta-feira passada fecharam a R$ 0,91 na venda, com ágio de 6,2%, caminham próximas aos preços do dólar flutuante, que por sua vez é influenciado pelo câmbio livre.
Na semana que passou, quando o dólar encostou na marca de R$ 0,85 –15% abaixo do limite de R$ 1- o BC anunciou que poderia intervir no mercado.
A leitura de especialistas como Alberto Alves Sobrinho, diretor da Fair Corretora, e Luiz Augusto Dias da Silva, do Banco Francês e Brasileiro, é de que o patamar de R$ 0,85 é suporte e não piso.
Isso significa que não há uma garantia segura contra uma queda abaixo desse "suporte", caso ocorra uma entrada de dólares muito superior à saída.
Esse é exatamente o cenário mais provável desenhado para os próximos meses pelos especialistas, incluindo ainda Renato Alves Rabello, diretor do Banco Indusval. Eles partem da premissa da vitória de Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno da eleição.
O cenário abrange ainda inflação estabilizada no patamar de 1% a 2% e manutenção dos juros internos muito acima das taxas internacionais nos próximos meses.

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