São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Showbizz impulsiona os esportes nos EUA

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os valores de mercado dos times profissionais dos EUA devem atingir níveis históricos ainda este ano. Não deveriam, pois vários times vêm trabalhando com rendas em baixa e despesas em alta.
A mágica nessa equação está em um volume de dinheiro sem precendentes que a indústria do entretenimento –das TVs a cabo à Walt Disney– está colocando no esporte nos EUA.
Proporcionalmente, os times de futebol americano e de basquete custam hoje 2,7 vezes mais que o valor que conseguem arrecadar. A proporção é de 2,2 vezes para os times de hóquei.
Os ganhos operacionais (renda menos despesas) dos principais times do país caíram 19% em 93, segundo levantamento da revista "Financial World".
Isso significa que a renda com ingressos, publicidade (a maior fatia) e participação em alimentos e bebidas vendidos nos estádios não subiu na mesma velocidade que as despesas gerais. Mesmo assim, o valor dos 107 principais times aumentou 15,9%, atingindo um total de US$ 11 bilhões no ano passado.
Em três anos, a televisão americana terá mais de 500 canais de TV a cabo. Estima-se que a metade desses canais transmitirão exclusivamente esportes.
O objetivo das empresas que estão comprando os times –e supervalorizando seus preços– é controlar toda a operação, da geração dos eventos à programação e distribuição das imagens.
O empresário da Flórida Wayne Huizenga é o maior exemplo da integração que algumas companhias querem conquistar.
Huizenga tem uma rede de TV a cabo, é dono da maior cadeia de videolocadoras dos EUA, a Blockbuster, tem participações em três times na Flórida e pretende investir US$ 1 bilhão na construção do maior complexo esportivo do mundo, perto de Miami.
Outro megaempresário do setor, Ted Turner, dono da CNN e de outras TVs a cabo americanas, é proprietário do Atlanta Braves (beisebol) e do Atlanta Hawks (basquete).
A Walt Disney chegou ao cúmulo de lançar um filme para o cinema para promover o seu time de hóquei, o Mighty Ducks, sem que ele tivesse jogado uma só partida na vida. Agora que o time já faz parte da Liga de Hóquei, a Disney lançou a continuação do filme.
O negócio, excelente para as empresas, não se estende aos jogadores. As ligas de basquete e futebol americano já definiram um teto máximo sobre a renda total, de 54% e 64%, para os salários. Os atletas também não faturam com a venda da programação via cabo.

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