São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
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Renda média no Rio caiu e em São Paulo aumentou nos anos 80

PAULO SILVA PINTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A região metropolitana do Rio de Janeiro teve queda na renda média de seus habitantes durante a década de 80, enquanto em São Paulo houve crescimento no mesmo período, graças à economia informal e aos autônomos.
Esta informação consta do mestrado "Emprego e Distribuição de renda nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro: anos 80", defendido por Fernando Augusto Mansor de Mattos, 28, dia 5 de agosto no Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O pesquisador descobriu também tendência de aumento do fosso entre ricos e pobres nas duas regiões metropolitanas estudadas.
Mattos chegou a estes resultados analisando as PNADs (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As PNADs avaliadas compreendem o período entre 1981 e 1989.
Para a comparação, os valores foram deflacionados pelo salário mínimo de 1980.
Em São Paulo, a renda média era de 3,9 salários mínimos em 1981 e passou para 4,4 em 89. No Rio caiu de 3,3 para 3,0 salários.
Desemprego
O desemprego e o crescimento da economia informal foram comuns nas duas regiões, apesar dos resultados contrários na evolução da renda.
Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, a renda média de quem trabalha sem ter emprego é maior. Mas a economia informal não tem as mesmas características nas duas cidades.
No Rio, a principal ocupação dos desempregados é o comércio ambulante. Em São Paulo, cresceu muito nessa época a atividade econômica informal ou autônoma de pessoas em degraus mais altos da pirâmide social.
Neste grupo estão profissionais qualificados que prestam serviços à elite econômica ou a empresas. É o caso de alguns corretores de imóveis ou de aplicações financeiras.
No Rio de Janeiro, os autônomos ganham menos do que os assalariados, embora sua renda tenha crescido nos anos 80: recebiam 2,2 salários mínimos em 1981 e chegaram a 2,6 salários, em 1989.
Os assalariados ganhavam 3,9 salários mínimos em 1981, média que caiu para 3,4 salários, em 1989.
Em São Paulo, ao contrário, os autônomos passaram à frente: em 81 recebiam 3,5 salários mínimos, mas em 89 já estavam com 5,4. Os assalariados passaram de 4,1 para 4,4 (sempre usando como base o salário mínimo de 1980).
Acumulação
O aumento da concentração de renda foi igual nas duas regiões –com quase a mesma "velocidade" os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres.
Os 10% mais ricos em São Paulo tinham 39,8% da renda em 81 e passaram a ter 44,2% em 89. No Rio, de 44,1% passaram para 50%.
Já os 50% mais pobres do Rio tinham 15% da renda em 81 e passaram a ter 11,9% em 89. Em São Paulo, o mesmo grupo passou de 17,5% para 15% no mesmo período.
É um fosso bem maior do que o de outros países, de diversos perfis. Os 10% mais ricos dos EUA tinham 25% da renda (dados de 85). Na Índia, eles têm 26,7% e na Venezuela 34,2%.

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