São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
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Depois eles reclamam da concorrência dos importados

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dê uns descontos para tudo que você andou lendo nesta coluna nos últimos dois meses. Chame de falta de produção, falta de distribuição ou falta de organização, mas os cronogramas de todas as gravadoras estão atrasando –uns mais, outros menos.
Então, tem coisa que ia sair em agosto saindo em outubro, coisa de setembro em novembro, e coisa de outubro desconfio que só lá para março.
Segure sua grana e espere mais um pouco –ou faça como a maioria faz para suprir ausência de produtos nacionais: vá aos importados. Pode até sucatear a indústria nacional, mas pelo menos compramos o que queremos, quando bem entendemos, certo?
Country rock
Quer saber a grande explicação porque o mercado de rock no Brasil sempre anda meio aos trancos e barrancos? Porque não existe um circuito de shows organizado no interior do Brasil.
Se existisse uma rede de casas especializadas, programas de rádio especializados e agitações nas universidades, os promotores e gravadoras ficariam ligados nisso. A coisa explodiria. Como explodiu na Europa, como explodiu nos Estados Unidos. Foi isso.
Mas devagar as coisas mudam. Um exemplo: esta semana duas bandas, uma de São Paulo e uma de Brasília, fazem um microcircuito Bandeirantes-Anhanguera.
São o Psycho Drops e Os CabeloDuro, que tocam dia 25 em Piracicaba (no Tattoo You) e 24 na vizinha Santa Bárbara D'Oeste (no Hitchcock Espaço Rock). Só depois, dia 26, tocam de novo em duplinha aqui em São Paulo, no Black Jack.
Como vocês possivelmente sabem, este último fim-de-semana rolou em Campinas o Juntatribo, provavelmente o mais importante festival de rock independente do país (o BHRIF foi mais completo, o JT é mais compacto; desconfio que o Juntatribo por enquanto é o mais importante, é discutível). É assim que a coisa vai.
Zine
Se o teu programa de rádio predileto é o "Rock Report", tem um zine de encomenda para você. É "Esquizofrenia", cujo quinto número foi mandado por seu criador, G. Custódio Jr.
São 18 páginas dedicadas a "guitar bands" de todos os tipos e latitudes. Essa edição tem Boo Radleys, Lush, Luna, Redd Kross, House of Love, Sonic Youth e o Drugstore, nova banda inglesa que tem como vocalista/ baixista/ compositora a brasileira Isabel Monteiro. Furo de reportagem do zine! Escreva para rua Heitor Ariente, 42, São Paulo, SP, CEP: 05541-050.
Favorita
Falando nessas bandas britânicas, repare direitinho no Blur. Não sou conhecido por gostar desse tipo de rock inglês branquinho e ensimesmado, mas o Blur vai bem além no disco "Parklife".
Os caras parecem "mod" e o som como uma jam entre Duran Duran, XTC e sei lá mais o quê da cold wave mais popinha, ali circa 1981. Ando ouvindo sem parar e pode me chamar de sensível que eu não ligo.
Aliás, muito boa essa volta da new wave, ou new wave da new wave que parece que está decolando. O Elastica é legal, o S.M.A.S.H. é legal, o Echobelly (que não é exatamente new wave mas tudo bem) é legal, e o Pulp, quem diria, é especialmente legal. Rock inglês pode não fazer mais tanto sucesso quanto antigamente, mas que deu uma melhorada violenta nos últimos anos, deu.
B & B
A MTV já está na Justiça tentando derrubar a liminar que proibiu a exibição de "Beavis e Butt-head". Quando volta a passar? Ninguém pode prever. No mínimo, no mínimo, um mês. Pode contar: vou ficar amolando até esse negócio voltar ao ar. Eu quero o meu "Beavis e Butt-head"!

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