São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
Próximo Texto | Índice

Ópera é gênero em extinção entre as artes brasileiras

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A ópera brasileira está morrendo.
Em São Paulo, o Teatro Municipal pretendia montar quatro óperas este ano. Montará apenas uma ("Madama Buterfly"). Duas foram canceladas e uma terceira ("Carmen") subiu ao palco como concerto, sem cenários ou figurinos.
O Teatro Municipal do Rio, que já teve a mais dinâmica das programações, passou três anos sem encenar nenhum espetáculo antes das 20 récitas, a partir de agosto último, de "A Viúva Alegre".
Comparar o Brasil com as temporadas do Primeiro Mundo seria muita covardia.
Mas dá para comparar com a Argentina. Humilhação ainda maior. O Teatro Colón, há dez anos pré-falimentar, está com uma programação regular de 12 espetáculos líricos por ano.
O segredo não está apenas no dinheiro, seja das subvenções ou da iniciativa privada. O bom desempenho depende do planejamento a longo prazo.
Os teatros líricos da Europa e dos Estados Unidos têm diretores que não caem ao fim de cada governo e mantêm uma política de uso constante de seus corpos estáveis (orquestra, coro, balé). Na Argentina, o Colón já tem fechada sua programação para 96.
Exatamente o oposto do que ocorre no Brasil. Ao contatar outros Estados para saber quais os planos de montagem para o ano que vem, a Folha recebia quase sempre a mesma resposta:
"Isso depende do novo governo". As eleições estão aí.

LEIA MAIS
sobre ópera à pág. 5-3

Próximo Texto: Passa-anel; Merengue; Palmeira; Hic
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.