São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
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Invasão tem hora marcada, diz general

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, general John Shalikashvili, disse ter "um cronograma muito específico" para invadir o Haiti e que ele "não será atrasado em nem um minuto".
A declaração foi feita ontem pela manhã em Washington, quando o ex-presidente Jimmy Carter ainda estava reunido com a junta militar haitiana em Porto Príncipe.
Shalikashvili, no entanto, não deu qualquer indício sobre para quando o seu cronograma prevê o início da invasão do Haiti.
Várias autoridades do governo dos EUA, inclusive Shalikashvili, se revezaram na manhã de ontem em programas de entrevistas na televisão.
Todos eles alertaram o público sobre a possibilidade de ocorrência de baixas entre as tropas dos EUA que ocuparem o Haiti.
Eles enfatizaram em especial o risco a que os soldados estarão expostos quando tentarem conter atos de violência entre as várias facções políticas haitianas.
Cerca de 20 mil soldados em 18 navios estacionados na costa do Haiti esperavam a ordem para começar a ação.
Outras 18 embarcações estavam a postos para levar ao Haiti mais material e tropas quando for necessário.
A invasão vai custar entre US$ 450 milhões e US$ 625 milhões. A manutenção das tropas no Haiti consumirá US$ 300 milhões em seis meses.
O secretário da Defesa, William Perry, afirmou que "tudo está pronto. Vamos agir com uma força militar muito substancial".
Perry descreveu três fases para a operação: a entrada no Haiti e a conquista de todas as posições estratégicas (com duração de seis a horas a dois dias), a criação de "um ambiente seguro" (de três a seis meses) e a transferência do controle da situação para a ONU.
O presidente Bill Clinton passou a maior parte do dia de ontem em reuniões com seus assessores militares e de segurança nacional na Casa Branca.
Ele recebeu sucessivos informes de sua delegação de paz em Porto Príncipe e passou em revisão os planos de invasão.
No serviço religioso da igreja batista que frequenta, Clinton baixou a cabeça quando o pastor pediu aos presentes que rezassem pelos soldados dos EUA no mar do Caribe e pelo seu comandante-em-chefe, o presidente.

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