São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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Lula reúne intelectuais e lança livro

FERNANDO DE BARROS E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

O lançamento do livro "13 Razões para Votar em Lula", reunindo 13 textos curtos escritos em tom de panfleto pela nata da intelectualidade petista, se transformou num ato de apelo emocional, liderado por Lula ontem na USP.
Tudo pareceu preparado para que a militância do partido encontrasse meios para forçar a realização do segundo turno entre o petista e Feranndo Henrique Cardoso (PSDB).
Realizado no saguão da Faculdade de História da USP, o ato de lançamento do livro reuniu ontem à tarde cerca de mil estudantes e contou com com a participação de 11 dos autores, além de Lula.
O tom do evento foi inflamado. Lula, que um dia antes no auditório da Fiesp, diante de uma platéia de empresários, falou moderadamente, radicalizou seu discurso.
"A coisa que mais me faz ficar no PT é o mais humilde dos empregados desta univerisdade, aquele que ganha menos, o que tem menas (sic) cultura e chega na minha cara e me chama de companheiro Lula", disse o petista, acentuando o "menas" propositadamente.
A seguir, dirigindo-se aos estudantes, completou: "Vocês sabem que os filhos das empregadas domésticas de vocês não têm condições de competir com as mesmas chances aqui na USP".
Presente ao evento como convidao especial, o sociólogo Florestan Fernandes, deputado federal pelo PT, chegou a falar em "revolução social" no país.
"Ou nós conseguimos transformar o Brasil numa nação livre, numa nação na qual não existam tantas desigualdades sociais ou nós devemos caminhar para a revolução social", disse. Foi aplaudido.
Florestan fez uma discreta homenagem a seu ex-aluno Fernando Henrique Cardoso, mas, a seguir, atacou-o./
"Tenho grande respeito por ele, em quem reconheço uma enorme inteligência, mas ninguém tem o direito de defender uma causa política e depois abandoná-la, passando para o outro lado do barco", disse o sociólogo.
Também presente ao evento, o crítico literário Antonio Candido, professor emérito da USP, foi o mais moderado. Evitou criticar FHC, argumentando que preferia "não fazer essas comparações".
Candido disse que ainda acredita na vitória de Lula. "Acredito porque a opinião pública brasileira é muito instável", disse.
participaram ainda do evento a filósofa Marilena Chaui, os cientistas políticos Paulo Sérgio Pinheiro e José Álvaro Moisés, o geógrafo Aziz Ab'Saber, a socióloga Maria Victória Benevides, o economista Paul Singer, o jornalista Eugênio Bucci e o teólogo Frei Betto, entre outros.

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