São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994 |
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Qualquer informaníaco encontra parceiro para conversa on line
MARINA MORAES
Em sua edição mais recente, a revista "Spy" fez humor negro com os usuários das redes de computador, listando que tipo de gente vara madrugadas conversando on line: vigaristas, misóginos, acadêmicos arrogantes, adolescentes mal-educados, vendedores de enciclopédia, burocratas almofadinhas, donas-de-casa caipiras, fãs do Elvis Presley, idiotas de carteirinha, poetas ruins, simpatizantes nazistas, ex-alcoólatras, hippies envelhecidos, agentes do FBI e tarados. A revista estava se referindo aos milhões de americanos que fazem parte de um dos 10 mil fóruns on line que existem nos serviços comerciais daqui –que incluem Compuserve, Prodigy e America Online. Basta um computador, um modem e uma linha telefônica para participar. Depois de se conectar com o fórum, os usuários trocam mensagens, consultam bancos de dados ou participam de discussões "ao vivo" sobre o assunto que os levou até ali. Naturalmente que a Spy, fazendo piada com o assunto, escolheu os fóruns mais exóticos para mencionar em sua reportagem: o alt.acii-art reúne gente que se especializou em desenhar com asteriscos, pontuação e letras; o alt.sex.bestiality promove debates sobre sexo exótico; o rec.pets se dedica a reunir fãs do rato como animal de estimação; e o alt.mcdonalds é para que os fãs da lanchonete discutam as novidades do menu. A verdade é que não há assunto que um infomaníaco americano não possa discutir hoje em dia usando seu computador. Alguns fóruns são extremamente convenientes. O que reúne escritores, por exemplo, pode ajudar muito no trabalho de pesquisa de um livro. Você deixa uma mensagem explicando o objeto de seu estudo e, dependendo do assunto, pode acabar atolado em dicas e sugestões de seus parceiros cibernéticos. Em qualquer dos fóruns de turismo um usuário de Nova York pode pedir dicas de passeio e hospedagem aos colegas da cidade ou região que pretende visitar. Nos últimos meses tem crescido muito a frequência dos fóruns de auto-ajuda. São pontos de reunião onde quem tem algum problema pode dividi-lo com gente que passou pela mesma dificuldade. Normalmente esses fóruns são listados sob o título "Saúde" nos serviços comerciais. "Importante: este serviço oferece apenas informações gerais. Não substitui o tratamento de seu médico". O alerta aparece na tela do micro quando você consulta o setor de auto-ajuda do Compuserve. Há fóruns para pais de crianças irrequietas, pacientes de câncer e diabetes, hipocondríacos que queiram saber detalhes sobre doenças raras e deficientes físicos. No setor de medicina holística você pode aprender tudo sobre aromaterapia, o tratamento pelo cheiro, e depois conversar com gente que se interessa pelo assunto. No fórum de sexualidade humana, especialistas respondem perguntas. No dia 13 de setembro a pergunta mais comum foi: o que pode causar impotência? Os Alcoólatras Anônimos têm fóruns em todos os serviços comerciais e já batizaram sua seção de Soberspace (espaço sóbrio). Há grupos para gente que perdeu namorado ou enfrentou um divórcio recentemente. Além da conversa on line o usuário pode arquivar artigos sobre o assunto e receber sugestões de livros de apoio. O risco para os usuários é gastar rios de dinheiro na conta telefônica. Além do preço da assinatura mensal, as redes cobram de US$ 3,50 a US$ 9 por hora de conexão. Não é anormal descobrir gente que gasta até US$ 500 mensais nas conversas e consultas on line. A saída para eles é criar o fórum para os viciados em computador. Texto Anterior: Empresa anuncia versão do "MKD-2"; Coletor óptico faz ronda eletrônica Próximo Texto: Novos chips disputam hegemonia da Intel Índice |
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