São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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Cientistas acham os mais antigos fósseis de ancestrais humanos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma equipe internacional de cientistas descobriu os mais antigos fósseis de ancestrais humanos conhecidos, de 4,4 milhões de anos de idade.
Os fósseis, acreditam os cientistas, podem representar o elo que falta entre a linhagem humana e a dos macacos.
Eles pertencem a uma espécie nova, Australopithecus ramidus, e são cerca de 1 milhão de anos mais antigos que os Australopithecus afarensis, até agora a espécie hominídea mais antiga.
"Esses fósseis representam os mais antigos ancestrais humanos jamais encontrados", disse Berhane Asfaw, um dos autores do artigo publicado na }Nature.
"Quando você compara esses fósseis a dados moleculares, fica claro que Darwin estava certo, os humanos evoluíram do macaco africano", disse Tim White, da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Os fósseis foram encontrados no sítio arqueológico de Awash Médio, que fica 230 km a noroeste de Adis Abeba.
Os fósseis do mais famoso exemplar de um A.afarensis, parte de uma fêmea apelidada de Lucy, tinham sido encontrados a 75 km do local, em Hadar.
Entre os achados estão um crânio semelhante ao dos macacos, fragmentos de mandíbula e de um braço e vários dentes.
Os cientistas acreditam que o recém-descoberto australopiteco tenham vivido em florestas.
Para eles, isso sugere que esse australopiteco represente o último elo entre a linhagem humana e a dos macacos.
O achado aconteceu quase casualmente. No dia 17 de dezembro de 1992, o cientista japonês Gen Suwa caminhava no deserto quando avistou um dente no chão.
"Tive certeza na hora de que era de hominídeo", disse Suwa.
"E como tínhamos achado outros animais muito antigos naquela manhã, tive certeza de que era um dos dentes de hominídeo mais antigos já encontrados."
As diferenças entre o astralopiteco da espécie ramidus e da afarensis, cerca de 80 mil gerações mais nova, incluem dentes caninos maiores, base de crânio mais primitiva e um dente molar decíduo (que não é permanente).
"O molar decíduo (...) é tão diferente (...), que apenas ele poderia ser suficiente para caracterizar uma espécie nova", disse White.

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