São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
Próximo Texto | Índice

PC diz ter dado US$ 8 mi a Joaquim Francisco e nega contato com Maciel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Paulo César Farias confirmou ontem ter repassado US$ 8 milhões, em duas etapas, para o governador de Pernambuco, Joaquim Francisco (PFL) entre 1989 e 1990. Joaquim Francisco nega ter recebido esse dinheiro (leia reportagem nesta página).
Joaquim Francisco era candidato do PFL em 1990 ao governo do Estado e fazia campanha unificada com o então candidato ao Senado Marco Maciel (PFL-PE), hoje vice na chapa do presidenciável tucano Fernando Henrique Cardoso.
"Joaquim Francisco me pediu dinheiro para a campanha dele. Se ele usou todo o dinheiro ou repassou para outro candidato, só ele pode responder", disse PC Farias segundo o procurador da República Odim Ferreira.
Maciel
PC afirmou que nunca colaborou diretamente com a campanha eleitoral do senador Marco Maciel. Disse sequer conhecer pessoalmente o senador.
A outra parte do dinheiro –US$ 5 milhões– foi repassado a Joaquim Francisco em 1989, quando ele coordenava a campanha do então candidato à Presidência Fernando Collor de Mello.
"Foi um reconhecimento pelo trabalho que ele (Joaquim Francisco) fez em 1989, quando era coordenador da campanha presidencial no Estado", disse o advogado Nabor Bulhões.
Depoimento
As afirmações de PC Farias foram feitas em depoimento ao delegado da PF (Polícia Federal) Paulo Lacerda e relatadas pelo advogado Nabor Bulhões, que defende PC Farias em todos os processos e pelo procurador Odim Ferreira, presentes ao depoimento.
Segundo Bulhões, PC Farias não conhece os fantasmas Carlos Souto e Ana Terra Souto, cujo sigilo bancário foi quebrado anteontem. "A especificação da conta veio do candidato (Joaquim Francisco) ou de um assessor", disse Bulhões.
Bulhões contou ter a informação de que a PF descobriu que as duas contas foram abertas em 1987 para financiar a campanha para prefeito. Em 1989, Joaquim Francisco era prefeito de Recife.
As declarações de PC Farias não significam que Maciel não tenha sido beneficiado por seu dinheiro. O empresário disse que repassava o dinheiro a Joaquim Francisco. Maciel admitiu ter usado dinheiro do comitê central da campanha.
Mesmo depois do depoimento, que durou duas horas e 15 minutos, a isenção de Maciel só será conhecida com o rastreamento das contas bancárias consideradas fantasmas.
Isto só deverá ocorrer no fim do mês de outubro, quando a PF já tiver recebido e analisado os documentos que devem ser enviados pelo Banco Central dentro de duas semanas.
Novo inquérito
O delegado Paulo Lacerda já decidiu abrir um novo inquérito para investigar apenas o repasse de verbas de PC Farias para a campanha eleitoral em Pernambuco.
Durante o depoimento, PC Farias negou conhecer o ex-diretor do Detran de Pernambuco, Fábio Catão, que disse à revista "Veja" ter pago despesas de Maciel com cheques do fantasma Carlos Couto.
Também negou conhecer o assessor especial de Joaquim Francisco João Eduardo Rosas Monteiro. Segundo Catão, era ele quem assinava por Souto.

Próximo Texto: Governador se considera vítima de vingança
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.