São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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IPT produz mapa dos perigos do solo paulista

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O paulista ganha hoje um importante auxílio para saber onde pisa, ou onde pretende construir sua casa, shopping center ou viaduto.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) produziu um mapa do Estado que indica onde existem maiores perigos de deslizamento de terra, erosão, inundação ou mesmo a possibilidade de uma enorme cratera se abrir sob os pés, como aconteceu certa vez em Cajamar (Grande São Paulo).
"A Carta Geotécnica do Estado de São Paulo" combina pela primeira vez dados geológicos –isto é, sobre o tipo físico do terreno, como o seu solo– e geotécnicos, ou seja, os acidentes e características do local em que se vai executar uma obra.
"A novidade é o enfoque", diz o geólogo Valdir Akihiko Nakazawa, coordenador do projeto. "Nós fizemos um trabalho de sistematização do conhecimento disponível", diz Noris Costa Diniz, chefe do Laboratório de Cartografia Geotécnica do IPT. Nesse sentido, pode-se dizer que o estudo concentra o trabalho anterior de dezenas de geólogos do IPT e de outras instituições.
A carta está sendo oficialmente divulgada hoje na sede da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, que financiou parte do projeto. A tiragem inicial é de 3.000.
Segundo a equipe, a questão urbana teve prioridade. As cores no mapa indicam o problema –erosão, deslizamentos etc.– e uma tessitura superposta mostra a gravidade do problema.
"Em termos de extensão, a erosão é o principal problema da ocupação do solo no Estado", diz o geólogo do IPT. Em seguida estão os "movimentos de massa" –nome técnico para deslizamentos de terra e areia.
Os problemas em geral têm origem natural, mas são exacerbados pela ação humana, como a urbanização e a construção de estradas. Pode ocorrer uma concentração artificial da água da chuva que, ao escoar, causa desde a perda de solo até desabamentos e mortes.
A carta tem também sugestões de medidas preventivas ou corretivas (veja algumas no quadro). "Não é nada restritivo, do tipo 'não faça uma cidade aí"', diz Nakazawa.
A carta foi produzida na escala 1:500.000, isto é, cada centímetro do mapa equivale a 500 mil cm (5 km). É uma escala adequada para planejamentos abrangentes, pois engloba todo o Estado. Existem mapas com mais detalhes mostrando, por exemplo, bairros e ruas.
Por mais completo que seja um mapa, porém, ele é sempre uma representação de uma realidade em mudança. "A carta nunca substitui o estudo específico, apenas indica a direção a tomar", diz outro membro da equipe, Carlos Geraldo Luz de Freitas.

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