São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Tim Rice aposta no poder do cinema

EDUARDO SIMANTOB; MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Para muitas crianças do mundo inteiro, o compositor inglês Tim Rice é um ídolo, mesmo desconhecido por elas. É ele o autor das canções de vários desenhos dos estúdios Disney, entre eles "A Bela e a Fera" e "O Rei Leão", o maior sucesso de bilheteria do último verão norte-americano.
Depois de uma passagem por uma desconhecida banda de rock, Rice alcançou prestígio internacional através da parceria com o compositor Andrew Lloyd Webber.
Deste casamento, surgiram alguns dos maiores sucessos da Broadway, como "Jesus Christ Superstar" e "Evita".
Em entrevista exclusiva à Folha, realizada por telefone, da Flórida (EUA), Rice fala sobre seu recente parceiro Elton John (em "O Rei Leão") e as razões que o levaram ao cinema.

Folha - Trabalhando com a Disney, o sr. está procurando atingir especificamente o público infanto-juvenil?
Tim Rice - Na verdade, não. A linguagem usada em meus outros trabalhos é praticamente a mesma dos desenhos animados. Tento utilizar palavras inteligentes para crianças. Eu acredito que bons diálogos tocam as crianças e adultos da mesma forma.
Folha - Como foi trabalhar com Elton John?
Rice - Excelente. Ele é um grande compositor e um dos grandes responsáveis pelo sucesso do projeto.
Folha - O sr. já pensa em algum novo projeto?
Rice - Eu faço diversas coisas ao mesmo tempo, mas agora meu interesse principal é trabalhar com filmes. Talvez eu volte a fazer um novo musical, mas ainda não sei. Tenho dois projetos sendo discutidos com a Disney.
Folha - E por que o interesse tão grande por cinema?
Rice - Nem eu sei de fato (risos). Creio que pela mudança de ambiente. Eu trabalhei durante tanto tempo em teatro que chegou uma hora em que eu precisava explorar um meio de comunicação diferente. O cinema atinge as pessoas de uma maneira mais rápida e mais ampla que o teatro.
Folha - Hoje a Broadway apresenta uma tendência de investir muito mais em adaptações de clássicos, como "O Fantasma da Ópera", do que em peças originais...
Rice - Sim. É difícil fazer as pessoas entenderem ou se interessarem por histórias originais. É mais seguro investir nesses clássicos, mas eu ainda prefiro trabalhar em novas criações. Ambas têm suas vantagens e desvantagens.
Folha - E quais são elas?
Rice - A vantagem de peças já existentes é que você não tem que se preocupar com a história em si, não tem que inventar nada. A desvantagem é a mesma, ou seja, algumas vezes você gostaria que a história caminhasse de uma maneira diferente da que ela está determinada.
Folha - O sr. ainda tem contato com Andrew Lloyd Webber?
Rice - Sim, mas nada profissional.
Folha - A adaptação de seus musicais para cinema implica em algumas mudanças?
Rice - Nenhuma. O roteiro é o mesmo, diálogos, cenas e canções não mudam nada.
Folha - "Evita" será filmado?
Rice - Espero que sim, mas certamente não o será por Oliver Stone.
Folha - O sr. tinha alguma curiosidade particular em relação à América Latina quando realizou "Evita"?
Rice - Eu ouvi uma vez um programa de rádio em meu carro sobre ela e achei que poderia dar uma história interessante. Comecei a pesquisar o assunto e viajei para a Argentina.
Folha - Houve dificuldades em pesquisar a vida de Evita lá?
Rice - Sim, não foi muito fácil. Mas eu fui mais para sentir o país. A maioria das informações eu as obtive através de livros.

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