São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Mulher incapaz de transar é tema de livro

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Um drama que atinge um número não conhecido de mulheres (as estatísticas são muito discrepantes) já pode ser entendido pelos leigos.
Acaba de ser lançado no Brasil o livro "Quando o Corpo da Mulher Diz Não ao Sexo" (Imago, 294 págs, R$ 14,71), da inglesa Linda Valins, um estudo sério e impressionante sobre o vaginismo.
Essa palavra feia designa a incapacidade feminina de ter relações sexuais, causada por espasmos involuntários da vagina que impedem a introdução do pênis.
Não se trata de uma doença nem de uma disfunção física, diz a autora (veja quadro). "É uma condição emocional cujas causas, psicológicas, manifestam-se através de uma reação física", escreve Linda.
"Me sentia uma impostora. Aparentava ser bem casada e parecia estar fazendo as mesmas coisas que minhas amigas, mas nunca me senti como elas", diz Sara, uma das entrevistadas pela autora.
Ela própria uma vítima de vaginismo, Linda descreve no livro as suas sensações e o esforço –ainda não totalmente bem-sucedido– em busca da solução do problema.
"Embora tenhamos medo da penetração, somos capazes de ficar sexualmente excitadas e de ter orgasmo", diz Linda.
Segundo um dado citado pela autora, 17 em cada 10 mil britânicas enfrentam o vaginismo. Especialistas brasileiros afirmam desconhecer estatísticas no país.
"Mas a incidência é muito maior do que a gente imagina", diz o terapeuta Sérgio Fleury, coordenador do ambulatório de sexualidade feminina do Instituto Kaplan, em São Paulo –tel. (011) 262-8744–, que atende mulheres de baixa renda.
"A mulher vagínica tem vergonha de se queixar. Quando casada, acaba desenvolvendo com o marido um ritmo próprio de vida sexual, sem penetração", diz Fleury.

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