São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Técnico precisou aprender a dirigir mulheres

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Há três anos, quando passou a dirigir a equipe feminina de vôlei do Peruggia, na Itália, Bernardinho não entendeu a insistência de uma jogadora em dizer que naquele dia não poderia treinar.
Ela falou sobre indisposição, "aquele" problema, mas o técnico não entendia. Até que a italiana teve de ser explícita: "É que eu estou menstruada".
Então com 32 anos, Bernardinho só havia treinado homens. Nos anos anteriores, construiu a carreira como jogador.
Foi o levantador reserva de William na conquista da medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles, em 1984.
Quem o ajudou a compreender melhor o universo das atletas foi a jogadora Vera Mossa, sua mulher nos últimos dez anos.
"Agora estamos separados", conta o treinador. "Ela voltou para a Itália. Um dos filhos está em Campinas (SP) e o outro, de oito anos, mora comigo em Copacabana (zona sul do Rio)."
Uma irmã de Bernardinho cuida do garoto quando o técnico está viajando ou treinando a seleção.
Além do físico, quais as diferenças entre mulheres e homens no vôlei? "A mulher é mais sensível", diz Bernardinho.
"Às vezes se torna mais dependente do técnico, do professor, do líder. Tem sensibilidade mais refinada, que pode ser explorada positivamente."
Ele se identifica com algumas características femininas. "Sou mais para o instrospectivo, sinto muito as coisas, o trabalho, essa coisa da paixão, do amor."
É a sua porção mulher? "Eu sou assim por natureza. Se essa é a minha parte feminina, ótimo."
(MM)

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