São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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'Maria Borralheira' privilegia a emoção

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

Nas histórias de Vladimir Capella para o teatro –como é o caso de "Maria Borralheira"–, os personagens vivem um fluxo de acontecimentos encadeados e fluentes que conduzem a um desfecho esperado com ansiedade pelo pequeno público.
A atuação dos personagens produz, no espectador, uma empatia absoluta ou uma rejeição cruel em relação às cenas que vivem ou a seu caráter.
Assim, a gargalhada terrível da madrasta, sua ironia diante do sofrimento da Borralheira-Maria ecoam na platéia, provocando comentários quase que irados das crianças.
As maldades no estilo eloquente de Selma Luchesi envolvem as cenas com tamanha tensão dramática que o clímax chega como para salvar o espectador.
As emoções do público, a esta altura, já estão misturadas às da protagonista (Déborah Serretiello), que deseja salvar-se das irmãs Aurora (Renata Zanetta) e Eulália (Andréa Garcia) –"meninas de recado" das perversidades da mãe– e ainda tem condições de sonhar com um príncipe encantado (Fernando Vianna).
É preciso chegar ao final feliz, à transformação mágica do conto maravilhoso. Os camponeses do reino ajudam o espectador na torcida a favor de Maria Borralheira.
Com uma bela movimentação, e engraçada, sem perder com isso o tom lírico, sob um efeito de luz –raro nas produções para crianças–, a madrugada ao redor do castelo ilumina a esperança de que o príncipe Bernardo finalmente encontre Maria Borralheira.
Essa mesma luz é uma constante nas peças de Capella, somada aos cenários que favorecem o estilo emocionado da representação dos atores, como acontece com "O Saci" e "Panos e Lendas".
O único livro de Capella para crianças –na faixa dos dez anos–, "Fim que Vira Começo que Vira" (ed. Acadêmica, 1988), põe em relevo as características de suas produções para o teatro.
É a história de amizade, repleta de acontecimentos e emoção, do menino Marcos, apaixonado por Júlia, com um barquinho de papel chamado Vá. Ela flui como o rio, ainda que cheio de lixo, que ancorou no porto do menino.

Peça: Maria Borralheira
Direção: Vladimir Capella
Cenografia: J. C. Serroni
Elenco: Déborah Serretiello, Selma Luchesi, Renata Zanetta, Andréa Garcia
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 284-9787)
Quando: sábados e domingos, das 11h às 14h, quarta a sexta, às 14h
Quanto: grátis; é preciso pegar ingressos para sábados e domingos com antecedência na bilheteria do teatro, de segunda a sábado, das 9h às 12h e das 13h às 18h. Escolas devem agendar pelo tel. 011/253-5877, ramal 249

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