São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994 |
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Campanha faz prevenção de problemas cardíacos
JAIRO BOUER
O esforço tem um objetivo determinado: tentar diminuir os números alarmantes dos problemas de coração no país. Ricardo Pavanello, cardiologista e coordenador da campanha no Estado de São Paulo, diz que um terço das mortes no Brasil na faixa entre os 30 e os 50 anos são por causas cardiovasculares. Há mais de meio milhão de novos infartos por ano. Cerca de 10% desses infartados morrem nas primeiras horas após a manifestação do seu problema. O maior número dos casos acontece nas pessoas com baixo grau de instrução. Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico que a cardiologia alcançou nos últimos anos, a prevenção dos fatores de risco ainda é a peça central no controle das doenças cardíacas. Apesar de conhecidos pela maioria das pessoas, os fatores de risco ainda são mal administrados. Cigarro, pressão alta, diabetes (taxa elevada de açúcar no organismo), altos níveis de colesterol (gordura no sangue), estresse, obesidade e vida sedentária são os grandes vilões dessa história. A genética também tem uma ação clara. Filhos e irmãos de quem teve um infarto ou angina (dor no peito) estão sob risco mesmo que não tenham outros fatores. A associação entre vários desses elementos potencializa a chance da pessoa desenvolver aterosclerose (degeneração progressiva da parede das artérias caracterizada pela formação de placas que impedem o fluxo normal de sangue). A aterosclerose aumenta a chance de doença nas coronárias (artérias que irrigam o coração) e do derrame no cérebro (acidente vascular cerebral). O infarto é apenas a ponta do iceberg. A maior parte das pessoas com problemas nas coronárias pode levar décadas para apresentar algum sintoma. Segundo Pavanello, a semana do coração também procura alertar quanto a outros pontos polêmicos da saúde dos brasileiros. A boca é uma das portas de entrada para microorganismos que vão atacar o coração. Bactérias podem passar para a circulação através das cáries e causar endocardite –infecção nas válvulas cardíacas. Outro ponto polêmico é a incidência da doença de Chagas (transmitida na zona rural através da picada do barbeiro). Estima-se que no Brasil existam 8 milhões de chagásicos. A doença é uma das principais causas de dilatação progressiva do tamanho do coração e de morte súbita no país. Um dado recente revela que 6% do sangue coletado nos bancos de sangue da cidade de São Paulo está contaminado pelo protozoário que causa a doença de Chagas. Texto Anterior: WALTER CENEVIVA Próximo Texto: Postos atendem em 39 cidades Índice |
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