São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994 |
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Bebidas alcoólicas aparecem mais em comerciais de TV, diz estudo
PAULO SILVA PINTO
O levantamento foi realizado por Ilana Pinsky, 27, para sua dissertação de mestrado "Análise da propaganda de bebidas alcoólicas na televisão brasileira". A dissertação foi defendida no último dia 12 no Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo). Ela assistiu todos os intervalos comerciais entre 20h e 23h nas redes Globo e SBT durante duas semanas em junho de 92 e mais 30 dias entre novembro de 92 e fevereiro de 93. Os comerciais de bebidas alcoólicas foram 4,6% do total. Os de cigarro, 3%. A observação da televisão em outros horários indicou que 26% das vinhetas (chamadas dos programas em que se indica o patrocinador) eram de bebidas alcoólicas. Alimentos representaram 11,1% dessas vinhetas e bebidas não-alcoólicas, 2,1%. A maior participação nas vinhetas durante o dia acontece porque antes das 21h a propaganda de bebidas alcoólicas destiladas (uísque, cachaça, vodca) é vetada pelo Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária). Essa regra não tem força de lei, mas mesmo assim é cumprida à risca –antes das 21h só aparecem comerciais de bebidas fermentadas, como cerveja. Ilana discute a eficiência desta definição. "Dependendo da quantidade que se ingere, bebidas fermentadas podem ser piores do que os destilados", diz. Ilana propõe em seu trabalho que uma nova forma de regulamentação seja discutida entre publicitários e especialistas. O álcool é a causa de 94,8% dos casos de internação por dependência em hospitais psiquiátricos. Além do levantamento quantitativo da propaganda, Ilana fez também pesquisa qualitativa. Para avaliar os temas e mensagens das propagandas, ela assistiu a 139 filmes publicitários de bebidas alcoólicas, ao lado de dois "juízes" –pessoas voluntárias que também fizeram avaliação do trabalho para evitar distorções. Em 7,2% das propagandas, apareceram sugestões de uso abusivo das bebidas alcoólicas. Mensagens defendendo o uso moderado são praticamente nulas. Em um dos filmes isso aparecia escrito na tela, rapidamente. Informações sobre os produtos quase não aparecem também, ao contrário de propagandas de álcool nos Estados Unidos, de acordo com estudo citado na parte bibliográfica da pesquisa. Os jovens aparecem em 75,5% das propagandas. Ilana compara isso à pressão social entre jovens para o uso de drogas. "É o mesmo que dizer: se você pertence a este grupo, você tem que usar". As outras imagens que mais apareceram foram de relaxamento, consenso, relaxamento e símbolos nacionais. Texto Anterior: César Maia quer assumir trens, mas não funcionários do Metrô Próximo Texto: Fleury inaugura três presídios inacabados Índice |
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