São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994 |
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L7
MARCEL PLASSE
"Hungry for Stink", o quarto LP, traz os eternos temas da forra contra o machismo e da subcultura "trash" –uma das faixas presta homenagem às corridas de carros-monstro (aqueles de rodas gigantescas). A paixão pelo "trash" grotesco gerou uma aproximação natural entre o grupo e o diretor de cinema John Waters, uma espécie de papa do gênero. Waters dirigiu as quatro integrantes da banda no filme "Mamãe É de Morte". A guitarrista Suzy Gardner falou à Folha por telefone de um hotel em Ellensberg, cidade do estado de Washington, nos EUA, em uma parada de turnê. Folha – Deu pra ter prazer com os shows no Lollapalooza? Suzy Gardner – Sim, foi o melhor jeito de passar o verão. Como convivemos com diversas bandas na estrada, parecia que estávamos num acampamento de verão para roqueiros. Mas, como em todos os acampamentos, os dias chuvosos foram um horror. Folha – Dá para esquecer o Brasil? Suzy – Sem chance. A comoção e a excitação dos brasileiros começou no aeroporto e chegou a pontos inacreditáveis durante nossos shows. Gostaríamos de tocar de novo aí, depois do Natal. Folha – Quando veio ao Brasil, L7 conviveu bastante com Nirvana e Courtney Love. Vocês sabem como ela tem reagido à morte de Kurt Cobain e da baixista de sua banda? Suzy – Jennifer (Fynch, baixista do L7) é a melhor amiga de Courtney, e participou das gravações do novo vídeo da banda dela, Hole. Courtney tem se virado e não encara as desgraças como uma maldição. Folha – Vocês ainda estão envolvidas com o movimento "Rock for Choice", em defesa do direito de aborto? Suzy – A gente não tem feito shows beneficentes há algum tempo, porque andamos muito ocupadas com a banda, mas o movimento continua forte, abraçado por grupos feministas. A gente apenas iniciou o envolvimento de artistas na causa. Mas a questão do aborto devia interessar a todos. É um direito básico. Infelizmente, grupos religiosos ainda vêem a mulher como objeto e se organizam contra o aborto. Um desses grupos chegou ao ponto de matar médicos que realizam abortos nos Estados Unidos. Eles se chamam "Right to Life" (Direito à Vida), mas não vêem problemas em sair por aí matando médicos. É assustador. Folha – "Hungry for Stink" não traz muitas diferenças do disco anterior, "Bricks Are Heavy", que consagrou L7. É esse o caminho para consolidar o sucesso? Suzy – As pessoas têm gostado de "Hungry for Stink", mas acho ele mais cru e pesado que o anterior. Soa superior, eu acho. Folha - A banda está participando de bastante coisas. A guitarrista Donita Sparks também compôs e gravou no novo disco de Joan Jett. Como rolou o encontro? Suzy - A gente sempre disse que era influenciada pelas Runaways (primeira banda de Jett). Na verdade, eu sou a maior fã de Joan Jett da banda. Depois de tantas declarações, a gente acabou ficando amigas. Folha – Como aconteceu o convite para atuar no filme "Mamãe É de Morte", de John Waters? Suzy – Ele disse que escreveu o papel da banda do filme, Carmel Lips, pensando na gente. John é tão fã da gente quanto somos dos filmes dele. Nos divertimos muito. Texto Anterior: QUANDO ACONTECEU A PRIMEIRA VIAGEM AÉREA PARA A AUSTRÁLIA? Próximo Texto: Todo mundo quer ouvir muito barulho e garotas Índice |
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