São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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Isolados, 2 grupos têm controle das entidades

RODRIGO LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos principais desafios para o movimento estudantil brasileiro é conseguir livrar as entidades do domínio de grupos políticos. Atualmente, dois grupos –o PC do B e o MR-8– controlam UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), as duas principais entidades do país.
Como os partidos investem maciçamente na conquista e manutenção de cargos no movimento estudantil, conseguem imprimir às entidades uma "cara" que, admitem os próprios líderes estudantis, está às vezes distante dos interesses do estudante comum –neste vácuo criado pelo desinteresse e desconhecimento, os "engajados" acabam conseguindo se manter no poder.
O PC do B detém a presidência da UNE (União Nacional dos Estudantes, que representa universitários) e da Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas, entidade nacional de alunos de 1º e 2º graus). O MR-8 é a segunda força da Ubes e hegemônica na poderosa Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) de São Paulo. Alianças entre os dois grupos são frequentes em congressos estudantis.
Segundo pesquisa Datafolha, 64% dos secundaristas não querem que a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) apóie candidatos ou grupos políticos. Entre os universitários, a taxa dos que não querem uma UNE partidária sobe para 75%.
Pela pesquisa Datafolha, a absoluta maioria dos estudantes despreza os partidos políticos: 75% dos secundaristas e 54% dos universitários não apóiam nenhum grupo político.
O partido preferido dos estudantes é o PT (10% entre secundaristas e 23% entre universitários), que no entanto é apenas a terceira maior força no movimento estudantil. O PT comanda os DCEs (Diretórios Centrais dos Estudantes) das mais importantes universidades paulistas.
O PSDB, que detém a preferência de 8% dos secundaristas e 17% dos universitários (é o 2º partido mais apoiado entre os estudantes), consegue eleger poucos representantes nas diretorias das entidades mais importantes do Brasil.
O poderoso PC do B não é atingiu 1% na pesquisa entre os estudantes. O PMDB (partido do qual o grupo MR-8 faz parte) tem apenas 2% de apoio entre secundaristas e 1% entre universitários –fica em último lugar, empatado na pesquisa com o PPR, principal partido conservador brasileiro. É importante notar que nem todos os partidários do PMDB são ligados ao MR-8.

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