São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Novo informante depõe na Justiça e nega denúncias contra policiais civis

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O informante da Polícia Civil Ubiraci Soares de Oliveira, o "Paraíba", depôs ontem à tarde na Corregedoria do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Ele disse desconhecer as acusações de corrupção feitas pelo também informante José Gonzaga Moreira, o "Zezinho do Ouro", contra cerca de 50 policiais civis.
"O Zé é que está falando isso. Ele é que prove", afirmou. Esse foi o terceiro depoimento de Paraíba na Corregedoria do Dipo.
O juiz-corregedor Maurício Lemos Porto Alves disse que o depoimento de Paraíba não merece muita credibilidade porque o informante caiu em várias contradições.
Ao terminar seu depoimento, Paraíba deu uma entrevista em que acabou confirmando uma denúncia feita por Zezinho do Ouro.
Em novembro de 93, o 9º Distrito Policial registrou a prisão de seis ladrões de carro-forte.
Segundo a acusação de Zezinho do Ouro, foram presos 14 ladrões, mas 8 teriam pago propina para serem libertados pelos oficiais.
A propina consistiria em oito carros e uma motocicleta que teriam sido dados a alguns membros do 9º DP.
Paraíba disse que 12 ladrões haviam sido presos e que um carro havia sido dado apreendido. "Eu não sei quantos ladrões acabaram ficando presos na delegacia."
Zezinho do Ouro voltou a fazer ontem novas acusações contra os policiais do 9º DP.
Segundo ele, no final do ano passado, quatro policiais do 9.º DP apreenderam uma carga roubada da empresa Avon na Vila Prudente (zona leste de São Paulo).
Zezinho disse que a carga era composta por perfumes, batons, cremes, desodorantes e talcos. "Isso tudo foi dividido entre os policiais na delegacia. Todo mundo ficou perfumado."
Outra acusação feita por Zezinho do Ouro contra policiais do 9.º DP foi o desvio de uma carga de cigarros roubados.
Segundo ele, 600 caixas de cigarros foram apreendidas pelos policiais em um depósito em Itaquera (zona leste). "Eles fizeram uma apreensão oficial de apenas uma parte da carga. A outra parte, eles venderam."
Zezinho do Ouro entregou na última quinta-feira uma série de telefones particulares que seriam de policiais civis.
Através desses telefones, Zezinho passaria informações policiais sobre esconderijos de ladrões e mercadorias roubadas.
Segundo o juiz Alves, o informante deverá ser ouvido novamente até o fim desta semana.
A sindicância sigilosa que apura as denúncias feitas por Zezinho já tem 767 páginas e já está em seu quinto volume.
(MG)

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