São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994 |
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Candidato dá rádio com uma só estação Aparelho sintoniza rádio do deputado ABNOR GONDIM
A emissora está instalada em Cametá (240 km a sudoeste de Belém). A distribuição de aparelhos é adotada há 16 anos por Peres, que está em seu terceiro mandato na Câmara Federal. "Rádio-carrapato" O "presente" aos eleitores foi batizado pelo próprio parlamentar com o nome de "rádio carrapato". Na linguagem da zona rural paraense, carrapato é a pessoa que não desgruda da outra. "Decidi prender meus eleitores à minha rádio para divulgar a cultura de Cametá e informá-los sobre atividades econômicas lícitas e ilícitas, como o contrabando, que continuam a existir até hoje", disse Peres. Professor de segundo grau e advogado, Perez exerceu cinco mandatos como deputado estadual, três como federal e um como vice-governador do Pará. Atualmente, Peres diz que a rádio tem evitado denúncias porque, segundo ele, é obrigação da polícia prender e processar os criminosos responsáveis por atividades ilegais. O aparelho é uma invenção de um amigo de Perez técnico em rádio, que fabricou 8.000 aparelhos, distribuídos aos eleitores das áreas mais isoladas d a região do Baixo-Tocantins (leste do Pará). "Eu falo na rádio, exceto nos períodos eleitorais, quando é proibido", disse. Para as eleições deste ano, Peres afirma que comprou 800 rádios na Zona Franca de Manaus a R$ 3,00 cada. "Em Cametá e em toda a região do Baixo-Tocantins, a única emissora AM é a minha", disse. "Crime eleitoral" O advogado do PT paraense, Geraldo Lima, disse que o deputado federal Gerson Peres pode ser enquadrado em crime eleitoral por abuso de poder econômico. Segundo ele, a distribuição de aparelhos de rádio pelo parlamentar é crime previsto no artigo 227 do Código Eleitoral: "Dar, oferecer, solicitar ou receber para si ou para outrem dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem para obter ou dar votos ou para conseguir ou manter abstenção". Justiça A advogada Vera Sarmento, assessora da presidência do Tribunal de Justiça do Pará, disse que distribuir radinhos pode não ser considerado crime eleitoral. "Há políticos que distribuem camisetas, bonés, santinhos e panelas e não são acusados de crime", disse. Texto Anterior: Roraima e Amapá elegem 17 deputados Próximo Texto: Menino de rua retorna às ruas após jantar com Lula Índice |
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