São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Importados invadem o comércio

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio está eufórico com os importados. As compras de produtos estrangeiros chegam a ser até 775% maiores do que as efetuadas em 1993. E mais: a importação não se limita às bebidas e aos alimentos sofisticados.
As lojas parecem verdadeiros "free shops". Já se encontram no país: abacaxi da Tailândia, alho da China, macarrão da Grécia, lavadora de roupa da Argentina, manteiga da Bélgica, frutas secas da Alemanha e queijos da Holanda.
"Vamos importar US$ 35 milhões neste ano. Em 1993, foram US$ 4 milhões", diz Marco Túlio, gerente de importação do Makro.
Ele conta que a empresa está animada com a possibilidade de trazer produtos do exterior depois da redução dos impostos.
Ele diz que os importados chegam a custar de 20% a 40% menos do que similares nacionais.
Só de queijos, o Makro vai comprar este ano 221 contêineres ou 5.000 toneladas da Alemanha e da Holanda.
Nos próximos 12 meses, o Pão de Açúcar pretende dobrar a participação dos produtos estrangeiros no seu faturamento. Hoje, eles representam apenas 3%.
A meta da empresa para este ano é importar US$ 8 milhões, 33% mais do que no ano passado. Para agilizar a compra, criou um departamento para cuidar dos produtos estrangeiros.
"Já não existe mais seção específica para importados dentro das lojas. Eles disputam lado a lado com os nacionais o espaço nas gôndolas", afirma Luiz Carlos Pimentel, diretor de importação.
Até o supermercado Cândia, que não trabalhava com mercadorias do exterior, decidiu render-se a elas.
A empresa acaba de contratar quatro pessoas para cuidar detalhamente do setor. A estratégia é ter outras fontes de abastecimento para jogar duro nas negociações com fornecedores nacionais.
"O fato é que o fornecedor estrangeiro oferece mais prazo de pagamento –de 90 a 180 dias– do que o nacional –de 30 a 35 dias. Os enlatados, por exemplo, custam até 50% menos", diz Flávio Escobar, diretor.
A rede de supermercados São Jorge também quer ampliar a oferta de importados –de 3% para 5%– no seu mix de produtos.
A empresa já compra do exterior azeites, vinhos, atum, macarrão e bebidas. "Há 45 dias estamos vendendo alho da China", diz Mário Separovic, diretor.
A meta, segundo ele, é incluir conservas, molhos, aperitivos e biscoitos na lista de compras, aproveitando facilidades de negociações com países do Mercosul.
A G. Aronson fechou ontem contrato para importar 250 lavadoras de roupas (marca Aurora) e 5.000 televisores (marca Grunding), informa Girsz Aronson.
"Vai chegar um batalhão de produtos argentinos no país", afirma Lourival Kiçula, diretor-geral da Sanyo da Amazônia.
Segundo ele, os fabricantes de eletroeletrônicos argentinos estão dispostos a vender a qualquer preço no Brasil porque têm dificuldade de vender na Argentina.

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