São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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A segunda fase não permitirá revanche

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, uma rápida olhada no mapa da próxima fase do Brasileiro indica que, em tese, os líderes Corinthians e Guarani têm uma vantagenzinha sobre Palmeiras e Botafogo.
Em primeiro lugar, alvinegros e bugrinos escapam dos dois principais fantasmas: São Paulo e Flamengo. O tricolor paulista tem uma campanha tão irregular quanto uma montanha russa.
Mas tem um grande elenco e pode resolver acertar de novo (aliás, o São Paulo é especialista em jogar bem contra o Palmeiras). E o Mengo, em Brasileiro, sempre se supera (com o Sávio é mais fácil).
Palmeiras e Botafogo também têm que enfrentar o incognoscível. Um desconhecido chamado Santos.
Se eu entendi o regulamento, o primeiro turno dá uma chance solitária para os times da mesma chave se enfrentarem cara a cara. Quem perder pontos para um adversário, não terá como recuperá-los.
Será o que se chama de pega pra capar.

Quando vi o Gianluca Vialli jogar pela primeira vez, na Copa de 86, no México, a França eliminou a Itália (depois, nos pênaltis, eliminaria o Brasil).
Jovem, o atacante italiano estava de cabeça raspada. Deveria ser máquina 2, como é o corte da bela Denise Piccinini. Agora –como se vê na temporada italiana– raspa o cabelo com máquina zero.
Os cabelos da Juventus (do Pacífico Paoli, da Fiat) são interessantes. Ao lado do carequinha Vialli, joga o grisalho Ravanelli, que não é tão velho mas tem cara de vovô do time.
Lá atrás, o Conte está destelhado no centro, com fios esparsos e mais longos nas bordas. É um desenho tão curioso quanto o do Célio Silva –que parece ter se firmado na defesa do Corinthians.
Com este catálogo de opções capilares digno de frequentar a música "Cabelo", do Ben Jor e do Arnaldo Antunes, a Juve está lá, em primeiro lugar nas primeiras rodadas do "calcio" italiano.
Os estranhos cabelos da velha senhora não tomaram conhecimento da ausência de cabelos do Lombardo. E ameaçam a força de Sansão do Capello, do Milan.
Tudo isto sem contar ainda com a força zen das 17 (contadas durante a Copa pelo Sílvio Lancellotti) trancinhas do cabelos de Roby Baggio.

Zapeando o esporte no fim-de-semana, ouço o Tatá, da Bandeirantes, se queixar dos calções pretos que tanto Corinthians e quanto Criciúma ostentaram no Pacaembu em fase de polêmica privatista.
(Atenção: sobre a privatização ou não do próprio da municipalidade, por favor, senhores, menos emocionalismo e mais argumentos para a Redação).
Os calções pretos e brancos são as pragas do indumento com o qual se joga futebol no Brasil. Mas não foi só aqui em São Paulo que os calções negros dos jogadores dos dois times atrapalharam.
Lá em Porto Alegre, no jogo do Grêmio contra o Bragantino, pelos lances que vi na TV, havia a mesma dificuldade de identificação rápida dos jogadores.
Se as seleções e os times em jogos internacionais adotam a regra do calção de cor diferenciada entre os dois times, por que não nos jogos domésticos?

Ainda na TV, na sexta, Pedro Bial (que esteve na Copa dos EUA), em Saravejo, mostrou que uma das únicas tréguas na secular batalha etnopolítica da região foi durante a final da Copa do Mundo.
O futebol ocupa, cada vez mais, o seu espaço na nova ordem mundial.

Quando o São Paulo poderá lutar com o Sierra maestro?

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