São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Tucanos estão tensos

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Com base em levantamento do fim-de-semana, uma nova safra de pesquisas reservadas chegou ontem à coordenação da campanha de Fernando Henrique Cardoso. Indicação: aumentou ainda mais o distanciamento em relação a Luiz Inácio Lula da Silva e aos demais candidatos, beirando, agora, acima dos nove pontos. Os tucanos, porém, estão tensos.
A semana começa com a confirmação da tendência captada pelo Datafolha em sua última pesquisa, publicada domingo: a volta do crescimento de Fernando Henrique, interrompido desde o caso Ricupero. A linha evolutiva acompanha o desempenho do Plano Real que, neste mês, apresenta seu melhor número.
Todos os assessores de pesquisa de Fernando Henrique produzem "papers" indicando que dificilmente a tendência sofreria reversão e apostam na fatura liquidada no primeiro turno. Baseiam-se não apenas nos índices da inflação, mas na constatação de que a maioria dos indecisos vê em Fernando Henrique a garantia ao futuro do real.
Há, entretanto, uma série de motivos para tensão entre tucanos: Lula melhora seu desempenho nas capitais e regiões metropolitanas; a militância é capaz de reagir na reta final; os candidatos do PT a governador crescem no Rio Grande do Sul, Brasília e Minas Gerais; sempre há alguma chance de denúncia e ainda existem dois programas eleitorais.
Foi um sucesso o comício do PT em São Paulo, o que serve para estimular a militância. E, nesta semana, Lula faz uma última rodada de comícios nas capitais.
O fato: Lula tem pouquíssimo tempo, mas está fazendo exatamente o que tem de ser feito. Mais uma vez, porém, seus aliados ameaçam transformar-se, na prática, em adversários: ele corre o sério risco de perder preciosos pontos com a greve dos petroleiros –especialmente se abalar a rotina do país.

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