São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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IPC-r de setembro fica em 1,51%

DA SUCURSAL DO RIO E DA REPORTAGEM LOCAL

O IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real) de setembro ficou em 1,51%, anunciou ontem o IBGE. O de julho havia ficado em 6,08% e o de agosto em 5,46%, com o que este índice, utilizado para corrigir salários na primeira data-base após o real, acumula 13,56%.
Os aluguéis voltaram a ser os vilões da inflação, com aumento de 17,15% em setembro. Somente este item significou 0,93 ponto percentual no índice total, enquanto todos os demais ficaram com 0,58 ponto, informou a gerente de índices do IBGE, Márcia Quintslr.
O IPC da Fipe referente à terceira quadrissemana de setembro, também divulgado ontem, sofreu forte pressão do item aluguel, mas a taxa caiu de 0,96% para 0,78%.
O IPC-r é pesquisado em 11 regiões do país, enquanto o IPC da Fipe é medido somente em São Paulo. Além da abrangência geográfica, há diferenças metodológicas entre os dois institutos.
O IPC-r mede a inflação para famílias que ganham até oito salários mínimos. Os preços médios do período de 16 de agosto a 15 de setembro foram comparados com os dos 30 dias anteriores. O IPC da Fipe avança até 20 mínimos e fechou a coleta de preços no dia 22.
Se por um lado os aluguéis foram os vilões no IPC-r, o item de alimentação e bebidas apresentou deflação de 0,25%.
Os índices regionais de inflação do IPC-r estão muito díspares, segundo Quintslr. Vão de 0,64% em Recife até 2,32% em São Paulo (o maior de todos).
Segundo ela, este fenômeno é normal em fases posteriores à implantação de programas econômicos porque "os preços estão se acomodando".
Em comparação com os índices mensais, a taxa de 0,78% do IPC da Fipe é a menor desde dezembro de 73, quando a inflação foi de 0,52%. A Fipe começou a divulgar índices quadrissemanais em 1986.
Juarez Rizzieri, coordenador do índice da Fipe, disse que a baixa no índice se explica pelas liquidações de roupas de inverno e pela redução de preços dos produtos hortifrutigranjeiros.
Segundo ele, está ocorrendo a "reposição de oferta" desses produtos, após a quebra de produção provocada pelas geadas.
Os itens que mais subiram na terceira quadrissemana foram aluguel (11,57%), alimentos "in natura" (4,65%), veículos (8,52%) e serviços pessoais (3,99%).
As maiores reduções foram registradas nas roupas femininas (-6,58%), artigos de cama, mesa e banho (-4,33%), higiene e beleza (-3,08%) e artigos de limpeza (-2,44%).
Rizzieri diz que os aluguéis são responsáveis por praticamente toda a variação no período. "O aluguel representou 0,77%, quase todo o índice. Se estivesse estabilizado, a taxa ficaria próxima de zero".
A Fipe prevê que a taxa de 0,78% será a mais baixa do período do real, pelo menos até o final do ano. O índice deve fechar setembro em torno de 1%.
Em outubro, o IPC deve ficar um ponto percentual acima do de setembro, pressionado por reajustes salariais (inclusive o mínimo), vestuário, preços agrícolas e carne. Esta taxa tende a se manter até o final do ano.

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