São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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Selos alternativos investem nas fitas demo

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nada de amadorismo. O rock independente (feito por grupos que não são vinculados a gravadoras) está cada vez mais profissional.
Chegou a vez dos selos de fitas demo (fitas de demonstração, usadas para divulgar a banda e vendidas em lojas especializadas).
As fitas demo são o jeito mais barato e simples de conseguir tirar a banda da garagem. Esse tipo de gravação se torna cada vez mais usada por músicos iniciantes.
Os selos funcionam no mesmo esquema das gravadoras que lançam discos e CDs.
Ou seja, os músicos fazem um contrato com o selo, que se responsabiliza pela capa, pela distribuição e pela divulgação.
É esse o modo como funciona o selo carioca "Midsummer Madness", de Rodrigo Lariú, 21. Ele não cobra nada para lançar uma banda. Compra as fitas, faz a reprodução, as capas e tudo o mais. O lucro das vendas é repartido.
Nesse esquema, o "Midsummer" já lançou as bandas Drivellers e The Cigarrettes.
Por que faz tudo isso? "Para divulgar as bandas de que eu gosto", diz Rodrigo, que não espera ganhar muito com o trabalho.
Quase todo mundo que faz "demo-profissional" trabalha por amizade. É esse o caso do pessoal do fanzine "Furtio Indispensável", de Florianópolis.
Eles fizeram a capa da demo da banda Superbug de graça, em troca apenas da divulgação do nome do fanzine na capa.
Outro selo independente de demos que tem lançado muita gente é o estúdio Arena, de Campinas.
É deles a demo da banda Water Ball. Armando, guitarrista do grupo, conta que eles fizeram um contrato de um ano com o selo.
A banda pagou a gravação da fita e o projeto gráfico. O resto ficou por conta do selo. Os lucros também foram divididos meio a meio.
Quem não entra em um selo e mesmo assim quer lançar uma demo de qualidade tem muito trabalho pela frente.
Foi o que aconteceu com a banda Cordel Elétrico, do Rio. Para lançar a demo, eles fizeram a capa em computador, lançaram um fanzine para divulgação e fizeram sozinhos a distribuição.
"A gente leva as fitas a todas as lojas de disco e deixa o fanzine em consignação em bancas de jornais", conta Allex Peterlongo, vocalista da banda.

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