São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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Empresas buscam funcionários e fazem negócios usando a Internet

PAUL WISEMAN
DO "USA TODAY"

Em todas as partes dos EUA, milhares de empresas estão consultando a mãe de todas as redes computadorizadas –a Internet– para encontrar candidatos a empregos, comunicar-se com clientes, encontrar soluções para problemas técnicos e vender seus produtos.
Para muitas empresas, a Internet é a infovia –a superestrada de dados– já em existência, sem prazos de espera.
Elas não estão esperando pacientemente por dois, três, ou quatro anos, até que os operadores de TVs a cabo ou as companhias telefônicas comecem a entregar informações sob pedido, através de cabos de TV de alta capacidade ou fios de fibra ótica.
Em vez disso, estão usando a Internet –uma teia de 30 mil redes de computadores, que data da época em que Neil Armstrong pisou na Lua.
A Internet foi projetada para ser uma ligação descentralizada de comunicações, que não poderia ser destruída no caso de um ataque nuclear. Durante muito tempo ela foi usada exclusivamente por acadêmicos e pesquisadores.
Mas ela evoluiu e hoje é sinônimo de "grandes negócios", segundo Gail Grant, especialista em Internet junto à gigante dos computadores Digital Equipment.
Já surgiram pelo menos 60 firmas que oferecem conselhos de marketing na Internet. Dispor de um endereço Internet está se transformando em pré-requisito para fazer negócios, especialmente nos círculos high-tech.
Até pouco tempo atrás, o sistema Internet não era fácil de usar, porque exigia familiaridade com vários comandos pouco conhecidos no teclado do computador.
Mas já foram criadas novas tecnologias para facilitar a utilização da Internet. A mais importante é o "Mosaic", um software desenvolvido no ano passado na Universidade de Illinois (EUA).
O "Mosaic" foi criado depois que pesquisadores suíços produziram o "World Wide Web", um sistema que permite a movimentação fácil pelo Internet, pulando-se de um documento para outro.
Com o "Mosaic", pode-se "passear" pelo "World Wide Web", usando um mouse para chamar as informações que interessam. O "Mosaic" também possibilita aos usuários verem imagens em movimento e ouvirem sons pela Internet.
Quanto mais acessível se torna esta rede global, mais pessoas a utilizam. O mundo empresarial norte-americano não poderia ignorar um mercado crescente de 20 milhões de pessoas, muitas das quais identificam seus interesses ingressando em "newsgroups" (grupos por temas) do Internet, que abrangem tudo, desde ficção científica até gatos.
Assim, não chega a surpreender que a utilização comercial da Internet esteja aumentando vertiginosamente. Em janeiro, quase 568 mil computadores registrados de usuários comerciais estavam conectados à Internet, um aumento de 63% em relação ao ano anterior, segundo Mark Lottor, da Network Wizards, uma companhia de hardware e software para computadores de Menlo Park, Califórnia.
A Internet tem alguns "poréns". A proteção contra espiões e ladrões eletrônicos não é total, embora esteja melhorando. E os usuários que querem fazer o marketing de seus produtos correm o risco de violar a "Netiquette" –o código de conduta não escrito da cultura Internet– e de serem bombardeados com centenas de mensagens eletrônicas iradas.
O marketing on line é apenas uma das maneiras pelas quais as empresas usam a Internet. A maioria a utiliza para tarefas mais mundanas, como enviar mensagens e dados, tarefas geralmente realizadas por telefone ou fax.
É o caso da Grenville Tool and Dire. Antes de ela começar a usar a Internet, há um ano e meio, seus funcionários tinham que resolver seus problemas de software da maneira antiga.
Eles alertavam sua companhia de software, em Boston, com um telefonema. Depois mandavam um pacote de disquetes, e esperavam a resposta. Os problemas às vezes levavam vários dias para serem resolvidos. Agora, comunicando-se eletronicamente, os problemas de software podem ser resolvidos em questão de horas.
A boate Alberto's, em Mountain View, Califórnia, envia informações sobre sua especialidade –música latino-americana e africana– aos grupos da Internet ligados a esses temas.
A tática funciona. No dia 1º de junho, a Albert's anunciou pela Internet que os brasileiros Caetano Veloso e Gilberto Gil iriam apresentar-se em sua casa no dia 26 do mês. "No dia 2 já havíamos vendido 200 ingressos", conta Alberto Martin, dono da boate, que só anunciou nos jornais duas semanas mais tarde.
Parece quase inevitável que a utilização comercial da Internet continue a aumentar. Mary Cronin, autora de "Doing Business on the Internet" (Fazendo Negócios na Internet), diz que vive sendo abordada por pessoas que leram seu livro sobre oportunidades comerciais na Internet.
Ela sentiu-se um pouco inquieta quando uma pessoa a abordou em uma recente conferência Internet e disse: "Comprei seu livro e resolvi desistir do que estou fazendo para virar um empresário Internet".

Tradução de Clara Allain

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