São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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Califórnia proíbe jurados na mídia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governador da Califórnia, Pete Wilson, promulgou ontem uma lei que proíbe jurados ou testemunhas de casos judiciais em seu Estado de venderem suas experiências para livros ou meios de comunicação de massa.
É na Califórnia (costa oeste dos EUA) que está sendo julgado o ator e ex-astro do futebol americano O.J. Simpson, acusado de duplo homicídio, em caso que tem sido chamado de "o julgamento do milênio".
A nova lei pode fazer com que diminua o número de pessoas interessadas em participar do júri de Simpson. Os jurados na Califórnia recebem US$ 5 por dia por seu trabalho. O julgamento de Simpson poder durar seis meses.
O juiz encarregado do caso, Lance Ito, disse ontem achar que o processo de seleção de jurados está correndo mais depressa do que se antecipava. Segundo suas estimativas, talvez nem seja necessário usar os mil pré-selecionados para compor o júri de 12 titulares e 8 reservas.
"Acho que nesta quinta-feira talvez possamos começar a interrogar os possíveis jurados sobre suas convicções", disse o juiz.
Por enquanto, os jurados em potencial só têm respondido ao tribunal sobre os motivos por que gostariam ou não de participar do julgamento.
A maioria dos que pediram dispensa alegaram motivos financeiros ou impossibilidade de se afastar da família por período tão prolongado.
Simpson, 47, que alega inocência nas acusações das mortes de sua ex-mulher e um amigo dela, no dia 12 de junho, parece revigorado nos últimos dias, segundo depoimentos dos cinco únicos jornalistas autorizados pelo juiz a acompanharem o interrogatório dos jurados em potencial.
Ao contrário do que vinha ocorrendo em todas as audiências anteriores, o réu tem sorrido e chegou a ser ouvido cantarolando ontem. Ele tem tentado estabelecer contato visual com os possíveis jurados e os saudava com um sonoro "boa tarde" quando eles entravam no tribunal.
O juiz Ito também deu sinais de maior simpatia em relação a Simpson. Quando chamou a primeira possível jurada, que tem o número 32, ele disse ao réu: "Não sei se isso é uma profecia". Simpson sorriu em retorno: 32 era o número de sua camisa quando jogava futebol americano.
O jornal "Newsday", de Nova York, revelou ontem que exames de DNA mostram que as manchas de sangue encontradas no tapete do carro de Simpson são compatíveis com o tipo sanguíneo de Nicole, sua ex-mulher.

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