São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Espião revela táticas rivais

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há três semanas, o auxiliar-técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, Carlos Bizzocchi, o Cacá, recebeu uma missão especial do técnico José Roberto Guimarães.
Preocupado com os principais adversários dos brasileiros, três deles favoritos à conquista do título mundial de 94, Zé Roberto mandou Cacá fazer as malas e seguir para a cidade de Amsterdã.
Lá, além da poderosa Holanda, Cacá teria a possibilidade de observar –e principalmente anotar– os segredos táticos de Itália, Rússia e Alemanha.
Reunidos para um torneio amistoso, holandeses, russos, italianos e alemães puseram em ação algumas jogadas táticas que deverão utilizar no Mundial.
"É certo que nenhum técnico mostra em um amistoso o seu segredo principal e nem como ele será utilizado em uma competição oficial. Mas não se pode disfarçar todas as jogadas", diz Cacá, que revelou com exclusividade para a Folha algumas jogadas usadas pelos quatro adversários (veja quadro acima).
O auxiliar da seleção fez constatações interessantes. Ele viu, por exemplo, que a Alemanha vem jogando de forma idêntica à do Brasil, imitando até mesmo o trabalho feito por Carlão e Marcelo Negrão no ataque e pelo meio-de-rede.
"Só que os alemães estão com jogadas muito confusas e o técnico mexeu muito no time durante o torneio", afirma Cacá. "Para se ter uma idéia, eles trocam de levantador várias vezes durante a partida. Vamos ver o que eles reservam para o Mundial", diz o "espião".
Adversária do Brasil na fase classificatória da competição, a seleção alemã preocupa Zé Roberto. Por isso, o treinador levou para a Europa o teipe do jogo que Alemanha e Rússia fizeram em Amsterdã.
As imagens, feitas por Cacá, foram editadas na TV Globo e Zé Roberto pôde, em seguida, marcar as jogadas que lhe interessavam.
"A Alemanha sempre complica a vida do Brasil", afirma Cacá. Ele não deixa de ter razão.
A Rússia também impressionou o auxiliar-técnico da seleção brasileira. "O Radin (Victor Radin, técnico da seleção russa) tem feito com que o time explore muito o bloqueio. E os jogadores, principalmente o Chatunov e o Fomin, estão muito bem", diz Cacá.
Já na Itália, o que chamou a atenção de Cacá foi o fato de o técnico Julio Velasco ter utilizado o time titular em praticamente todos os jogos.
"Durante amistosos, é comum os treinadores testarem formações, principalmente quando se tem a oportunidade de enfrentar equipes de alto nível. E o Velasco fez poucas mudanças no time", afirma Cacá.
Segundo ele pôde observar, o treinador do time italiano também aposta no fortalecimento de seu bloqueio.
Para isso, ele se vale de Giani, Zorzi e Bracci. "Enquanto os dois últimos partem para a rede tentando atrair o bloqueio do adversário, Giani, com muita velocidade parte em direção à ponta da rede. Quando funciona, ele bate na bola com um bloqueio simples", conta Cacá.
Por fim, a Holanda, para Cacá, é um time que joga mais "quadrado". "Isso não quer dizer que a equipe seja fraca", explica. "Por terem um time que se conhece a algum tempo, eles exercem com talento o bloqueio e a defesa. Para isso, se valem do talento individual dos jogadores", avalia o auxiliar-técnico.

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