São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994 |
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O ar que respiramos
ADRIANO DIOGO O presidente do Tribunal de Contas do Município (TCM), Paulo Planet Buarque, publicou no "Diário Oficial" (16/09/94) relatório sobre seu entusiasmo com as usinas de incineração de lixo que serão instaladas na cidade.Esse relatório apresenta os seguintes subitens: poluição zero, construções magníficas, nenhum odor, operação simples e com pouca gente, energia elétrica, lixo hospitalar etc. E acaba concluindo que "São Paulo está dando passo notável com a contratação desses incineradores, através de altíssima tecnologia e sem conseqüências para a população (grifo nosso)". Nesse mesmo dia, a Folha publicou matéria com título: "Estudos condenam incinerador". Trata-se de estudo de 2.000 páginas publicado pela EPA (Environmental Protection Agency), agência oficial norte-americana responsável por controle ambiental. Esse estudo salienta, entre outras coisas, que as dioxinas (oriundas do processo de incineração) provocam câncer e que o nível de sua contaminação, nas comunidades vizinhas às usinas, está acima do aceitável. Se esse tipo de tecnologia que vem sendo tão entusiasticamente defendida pela Prefeitura de São Paulo e agora por Planet Buarque fosse tão segura, não haveria tantos estudos da comunidade científica apontando graves problemas. O presidente do TCM cita ainda locais por onde viajou e "teve a oportunidade de visitar algumas usinas de incineração". Só que vale lembrar que nesses locais existem laboratórios especializados em medir a produção de dioxinas. E aqui, como todos sabemos, não possuímos nada semelhante que possa fazer tal controle. Claro que esse é somente um dos aspectos a respeito desse assunto. Ao meu ver, o mais grave. Questões como educação ambiental, produção de tecnologias limpas e responsabilização de empresas pela produção de seus resíduos e embalagens não aparecem no referido relatório e muito menos são discutidos pela Prefeitura de São Paulo. Tudo isto sem contar que Planet Buarque não fez uma análise da única coisa que é de sua competência: a análise dos custos da obra! Texto Anterior: Rio Grande do Sul; Santa Catarina; Paraná 1; Paraná 2 Próximo Texto: Evite as estradas entre 8h e 11h da manhã Índice |
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