São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Competição marca 18ª Mostra

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A 18ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo promete ser polêmica. A partir do dia 20 até 04 de novembro oito salas da cidade estarão exibindo a mais completa amostra da produção cinematográfica internacional recente. Este ano a mostra traz "Profissão: Neonazista", de Winfred Bonengel. Também será popular e "cult". Vem com "Fervura Máxima" ("Hard Boiled"), um John Woo inédito da fase Hong Kong, e "Até as Vaqueiras Ficam Tristes", de Gus Van Sant.
A principal novidade, contudo, fica por conta de uma mudança na natureza do festival. Pela primeira vez a mostra será competitiva. Entre os trabalhos apresentados, o público selecionará oito (concorrem diretores iniciantes, com no máximo três filmes realizados). Entre eles, o júri escolherá o vencedor. Os jurados serão os diretores Abbas Kiarostami (Irã) e Carlos Reichenbah (Brasil), os produtores Chris Sievernich (Alemanha) e Donald Ranvaud (EUA), os atores Maria de Medeiros (Portugal) e Patrick Bauchau (Bélgica).
Está acertada a vinda de 118 filmes, mais duas retrospectivas. A primeira, de Abbas Kiarostami, o iraniano que hoje já é tido como um dos melhores diretores do mundo, inclui seu trabalho mais recente, "Através das Oliveiras". A segunda é do armênio Artavazd Pelecchian, que abre a lista de convidados.
Também devem vir o macedônio Milcho Manchevski, que traz na bagagem o Leão de Ouro que ganhou em Veneza com "Antes da Chuva". Seguem-se o alemão Winfried Bonengel, a portuguesa Tereza Villaverde, o norte-americano Michael Wadleight e o húngaro Béla Tarr (de "Satantango").
A seleção de filmes busca preservar o equilíbrio entre cineastas conhecidos e outros que introduz no Brasil (muitas vezes quando ainda estão longe de se projetar internacionalmente.
Alguns nomes que entram nessa categoria são o argentino Alejandro Agresti, que vem com "El Acto en Cuestion", o chinês Zhang Yuan, com "Os Bastardos de Pequim", a francesa Tonie Marshall ("Uma História Mal-Contada", que a revista francesa "Cahiers du Cinéma" bota nas nuvens).
Não faltam também algumas estrelas do cinema atual, começando pelos portugueses Manoel de Oliveira ("A Caixa") e João Botelho ("Três Palmeiras"), passando pelo francês André Techiné ("Rosas Selvagens"), pelo russo Andrei Konchalovski ("Ouro de Tolo"), pelo norte-americano David Mamet ("Oleana") e pelo finlandês Aki Kaurismaki (com três filmes) .
Famoso por famoso, porém, o destaque é mesmo Oliver Stone: seu "Assassinos por Natureza" abre o evento.
Além de "Antes da Chuva", de Milcho Manchevski, também o português "Três Irmãos", de Tereza Villaverde, vem com um prêmio importante: o de melhor atriz para Maria de Medeiros, também em Veneza.
Setor tendências, o curador Leon Cakoff investe no cinema independente dos EUA (maioria entre os 19 filmes que vêm de lá) e no jovem cinema francês (13 filmes).
Como no passado, a mostra tem seus valores seguros, mas o aspecto mais interessante é a aposta nos novos realizadores e a visão panorâmica que apresenta da produção mundial recente.

As assinaturas para a mostra já estão à venda para quem possui o cartão de crédito American Express. Os interessados podem adquirir a assinatura (no valor de R$ 90) com desconto de 30% sobre o ingresso avulso através dos tel. 011/263-0006 e 872-3166.
O mesmo desconto vale para os asssinantes do ClubeFolha que podem adquirir os ingressos a partir do dia 7 no Cinesesc (r. Augusta, 2.075). Os ingressos avulsos custarão R$ 5 e estudantes pagam meia-entrada.
Os filmes da mostra exibidos na sala Lima Barreto do Centro Cultural São Paulo e no pequeno auditório do Masp terão entrada franca. Os outros espaços que acolhem a edição do festival deste ano são: Maksoud Plaza, grande auditório do Masp, Cinesesc, Belas Artes (salas Candido Portinari e Carmen Miranda) e Sala Cinemateca.

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