São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995 |
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Quem pode pagar
DEMIAN FIOCCA A ruína da estabilização mexicana e a situação extremamente delicada da Argentina mostram que a valorização do câmbio e a abertura agressiva das importações são políticas de integração internacional inconsistentes. Uma estabilização duradoura depende de um rigoroso ajuste fiscal e de uma rota de equilíbrio no setor externo.A intervenção no Banespa e no Banerj mostrou quão pequena é a consciência de que os déficits públicos não podem ser permanentes e quão longe chegou o endividamento irresponsável dos governos estaduais. Brizola pelo menos investiu em educação. Fleury, nem isso. A indicação de José Serra para o ministério do Planejamento favorece o reequilíbrio das contas públicas. Mas a mistificação dos custos trabalhistas –que são de 40% e não de 100% do que recebe o trabalhador– e a possível eliminação dessses custos sem a provisão de fontes alternativas de receita pode originar déficits orçamentários. A redução dos encargos sobre a folha de pagamentos favorece o crescimento do emprego e tem um efeito antiinflacionário. É correta portanto. Mas a redução no volume de arrecadação é deletéria. O obstáculo ao ajuste fiscal brasileiro não é o excesso de proteção social, mas a concentração de renda. Cabe taxar quem pode pagar. Texto Anterior: Pobre responde por 20% da renda Próximo Texto: Frágeis costuras do Real Índice |
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